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ALERTA DE SPOILER! Este post contém informações relevantes, pelo que é aconselhável que só leiam caso estejam a par da exibição norte-americana.
Fringe 4x19: Letters of Transit e 4x20: Worlds Apart
Para uma série com baixas audiências e que vive no limiar do cancelamento, é um prazer ver que o produto de ficção científica exibido num meio avesso ao tema (leia-se: canal aberto nos EUA) insiste em sair da zona de conforto que provavelmente lhe traria um público estável ainda que à custa de um esvaziamento narrativo da forte mitologia e dos dramas pessoais que sustentam a série. Todo este esforço compensou e a FOX renovou Fringe para uma quinta e última temporada de 13 episódios, o que denota imenso respeito pelos espectadores que acompanham a criativa história ao permitir-lhes um fim planeado com antecedência. A FOX de outros tempos não hesitaria em cancelar Fringe mal os números caíram a pique na terceira temporada e só isso é algo a ser comemorado nos dois universos.
Esta introdução serve para declarar que seria um crime Fringe acabar precocemente sem termos a possibilidade de voltar ao futuro visto em Letters of Transit: em 2036 existe um regime totalitário comandado pelos Observadores que aparentemente cansaram-se do livre arbítrio mal usado pelos humanos num futuro ainda mais distante e, como remédio, voltaram no tempo para tomar as rédeas de tudo e estabelecer um mundo onde a liberdade é uma miragem e a opressão é uma realidade. É neste cenário que Desmond, perdão, Simon e Etta (só alguém muito distraído não topou logo que era a filha de Olivia e Peter), agentes de uma Divisão Fringe que funciona como uma força policial de recursos precários, desempenham um papel fulcral na resistência rebelde ao resgatar Walter da sua prisão de âmbar autoimposta.
Sem qualquer relação com a trama central que vinha sendo apresentada, este episódio levanta várias questões: o que levou os Observadores a tornarem-se parte ativa nos rumos da raça humana? Menciona-se um cataclismo em 2015 e vários pontos estão devastados (o Central Park, por exemplo), mas não chega para afirmar se o Lado B foi destruído e ou se foi, de alguma forma, fundido ao Lado A (o café em rebuçados e algumas tecnologias são claramente do outro Lado)? E como Walter pode ter despistado as autoridades ao aprisionar-se em âmbar? Será que sabiam da sua localização e deixaram estar ou perderam-lhe o rasto? E William Bell? Vai aparecer vivinho da silva? O que fez ele a Olivia? Matou-a? Será ele a grande mente a comandar os planos de David Robert Jones?
Já Worlds Apart traz-nos de volta para o presente e a para o centro das maquinações de Jones que, depois de recrutar os antigos colegas de Olivia dos testes de cortexiphan, começa a fundir as duas realidades com o objetivo que estas entrem em colapso e daqui surja um novo universo onde o vilão será rei e senhor. É curioso notar que na temporada anterior víamos os dois universos em conflito (devido ao desejo de vingança de Walternate), e agora acompanhamos um cenário de cooperação e consequente cura do Lado B que só foi possível por causa da mudança de perspetiva daquelas personagens, o que nos leva à maravilhosa e reveladora cena onde os dois Walters conversam lado a lado sobre o sentimento redescoberto pela reaparição do filho perdido e que motivara as ações destrutivas de ambos.
Aqui, além de vermos as personagens e respetivas contrapartes em momentos que revelam conexões inesperadas (com destaque para aquela entre as Olivias), o episódio liga de forma objetiva vários pontos-chave da narrativa de Fringe (as cobaias; a zona segura que permitirá a sobrevivência à destruição; as criaturas de Jones) e realça a culpa que Walter sente em relação ao trabalho desenvolvido com William Bell, levando a uma ameaça extrema que requer uma solução radical: desligar a Máquina do Apocalipse e encerrar a ponte que faz a ligação entre os dois universos separando, efetivamente, os dois Mundos – e as consequências desta medida poderão estar relacionadas com o futuro de 2036.
Mais dois episódios e siga para a quinta temporada! Abram o champanhe!