Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Ao final de sessão de Speed Racer, transposição ao cinema do anime do final dos anos 60, os meus olhos estavam cansados. Os irmãos Wachowsky, criadores da saga Matrix, levam o espectador para um mundo de cores fortes, formas absurdas e totalmente psicadélico. Um verdadeiro cocktail de emoções fortes para os sentidos. É uma pena que o argumento não acompanhe o virtuosismo da acção.
Vou ser sincero: considero o anime, no qual este filme se baseia, bastante tosco, datado e muito infantil. Porém, isto será mais um reflexo do facto da série ter envelhecido mal do que propriamente com a qualidade da mesma (os desenhos animados dessa altura eram assim mesmo). No entanto, não nego que, no meio de tanta ingenuidade a vários níveis, Speed Racer tem o seu charme. No filme que agora chega aos cinemas, Speed Racer é um praticante de corridas, fazendo parte da equipa composta pela sua família, que tenta honrar os feitos do seu irmão mais velho (Rex), morto anos antes num acidente em plena prova. Talentoso ao máximo no volante, Speed chama a atenção das grandes corporações que pretendem incluí-lo nas suas equipas e, no processo, acaba descobrindo que as corridas são viciadas pelos patrocinadores. Como se pode ver, o argumento não é a última bolacha do pacote.
A adaptação é praticamente fiel ao anime: o tema musical está sempre presente, as personagens são decalcadas das suas versões animadas e toda a composição dos planos serve como homenagem não só à série, mas a toda a animação japonesa (só para dar um exemplo: uma personagem em primeiro plano, enquanto uma acção paralela ocorre em segundo plano). Porém, estes últimos elementos são usados até à exaustão podendo cansar o espectador. Para piorar as coisas, a história arrasta-se em certos momentos e as corridas são confusas, embora seja divertido perceber que os carros lutam entre si (uma das pistas é apelidada de Coliseu).
Os actores defendem com grande dignidade os seus papeis e é neste ponto que Speed Racer se destaca: ao fazer prevalecer o elemento humano (a importância da família nas acções de cada um) sobre os atributos técnicos, o filme consegue evitar a armadilha mais comum nos filmes recentes de Hollywood: a de fazer com que tudo pareça um vídeojogo e que tal comprometa os objectivos do filme. Sim, as corridas parecem saídas de uma consola (uma delas fez-me lembrar um dos níveis do Guitar Hero), mas o restante do filme compensa e até faz com que encaremos as exageradas provas com alguma naturalidade.
Enxovalhado por crítica e público, Speed Racer não merece a má fama que o persegue. É um delírio visual, por vezes bastante infantil (a luta da família Racer contra os ninjas é digna de um Epic Movie, de tão estúpida que é), que, ainda assim consegue divertir. Pelo menos, há que dar mérito na aposta, já que este é um dos blockbusters mais arriscados dos últimos anos. E, pela vossa saúde mental, evitem as primeiras filas da sala de cinema ou, noutro caso, não aproximem muito os olhos do monitor do computador.
Qualidade da banha: 11/20