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Como todos saberão, não nutro especial simpatia pela nossa classe política (a começar por Aquele que Habita em Belém e a acabar no Presidente da Câmara de Espinho – coincidentemente ambos do PSD), tanto que votei em branco nasúltimaseleições. Na altura, dividiram-se as trincheiras políticas em pró-Sócrates e pró-Coelho como se o futuro imediato do país estivesse em jogo.

 

Pois bem, esse "futuro" foi-nos atirado à cara em 19 minutos num discurso imponente onde Passos Coelho traçou um cenário medonho da situação actual, embora sem citar razões para tal (não que precisássemos de ser lembrados da incompetência deles), que o buraco é muito mais fundo do que eles pensavam (embora tivessem "estudos" que comprovassem tudo o que prometeram em campanha - logo, estavam errados!) e escudam-se na pesada herança que receberam do anterior Executivo, o típico comportamento do homo politicus para o qual já tinha alertado na altura em que Coelho se tornou o paradigma do "futuro" (ainda que pouco risonho).

 

Se isto faz de Sócrates melhor? Isto não faz nem do Cavaco melhor, pá! E olhem que o velho já deixou a Assembleia há 15 anos. Sem o lençol de medidas que escondia a cabeça e destapava os pés que valia ao nosso Licenciado Domingueiro, Coelho pegou na enxada que tão bem ficava àquela senhora e foi tudo a eito. Vão-se os subsídios, os feriados, as pontes, as deduções, os medicamentos, as ajudas e menos meia hora para a vida social; não há cá investimento que o dinheiro é emprestado e já tem dono; as reformas estruturais na função pública ficam na gaveta e tudo aquilo que ele prometeu na campanha é atirado pela janela por que, lá está, estamos muito mal (e porquê?), não devemos olhar para trás (o quê?!) e para a frente é que é o caminho (mesmo que a Luz seja um estádio e não um símbolo de salvação).

 

E, no meio disto tudo, eu até compreendo certas medidas (apesar de não justificar o assalto de mão armada que vai ser daqui em diante): é melhor cortar nos salários que despedir. Perde-se poder de compra, mas mantêm-se os empregos. No privado, que vai levar por tabela forte e feio, não há cá cortes: despede-se e adeus. Admiro que Coelho pinte o cenário tão negro como ele realmente é, embora apele para justificações tão vagas como "a situação é desesperadora" e num esforço de criar um inimigo comum que faria Bush Jr. roer-se de inveja. O que não me conformo são gestores de topo em empresas públicas receberem balúrdios seja em serviço ou em reformas (que acumulam!) e, muitas vezes, fazem gestão danosa e seguem incólumes e de bolsos cheios. Que as classes médias sejam chupadas até à exaustão; que as pequenas e médias empresas (a espinha dorsal da economia) estejam afundadas de encargos que mal dão para investirem nelas próprias, o que, obviamente, leva a meios ilícitos de facturação.

 

Andámos anos a chular a Europa para darmos o salto e nem o trampolim comprámos. Conclusão: sujeitamo-nos a tudo o que eles exigem para estancar uma ferida que não pára de sangrar. Passos Coelho corta a torto e a direito na esperança que ela estanque (ainda que momentaneamente) e, o mais deprimente, é que ele não parece ter noção do que o que está a fazer tem maior probabilidade de correr mal do que resolver tantos problemas em tão pouco tempo.

 

E Portugal já passou da hora de andar a dar tiros no escuro.

 

publicado às 00:46


1 comentário

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De Luis F. a 14.10.2011 às 15:26

"...não devemos olhar para trás (o quê?!) e para a frente é que é o caminho..."

Exactamente! Já é a terceira vez que solicitamos apoio.
Parece que não aprendemos nada. Não olhamos para trás.
Mas o mais triste, é que vamos continuar iguais a nós próprios.
A falta de produtividade é um problema, mas não é por isso que estamos nesta situação.
Somos liderados por um grupo de indivíduos, (professores doutores de economia, gestores, engenheiros) que aparentemente têm dificuldades com a matemática. Que escola frequentaram?

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Alvará

Antero Eduardo Monteiro. 30 anos. Residente em Espinho, Aveiro, Portugal, Europa, Terra, Sistema Solar, Via Láctea. De momento está desempregado, mas já trabalhou como Técnico de Multimédia (seja lá o que isso for...) fazendo uso do grau de licenciado em Novas Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro. Gosta de cinema, séries, comics, dormir, de chatear os outros e de ser pouco chateado. O presente estaminé serve para falar de tudo e de mais alguma coisa. Insultos positivos são bem-vindos. E, desde já, obrigado pela visita e volte sempre!

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