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Sem spoilers, minha gente!
The Killing - temporada 1
A melhor estreia da fornada 2010/2011 não é um épico comoGame of Thrones, mas sim algo minimalista como The Killing. Adaptada de um original dinamarquês, a série acompanha as repercussões do cruel assassinato da jovem Rosie Larsen, uma rapariga bonita, de boas famílias e com um futuro promissor pela frente, mas, claro, com certos esqueletos no armário que acabaram por ser a sua ruína.
Twin Peaks? Bem... mais ou menos. Enquanto a série de David Lynch e Mark Frost preocupava-se mais com a pequena comunidade habitada por indivíduos peculiares (para dizer o mínimo) e relegava o mistério para segundo plano, The Killing adopta outra abordagem e cada episódio restringe-se a cada dia da intensiva e desgastante investigação do homicídio. Suspeitos são acusados e descartados para, mais tarde, voltarem aos holofotes da dupla formada por Sarah Linden (brilhante Mireille Enos), uma detective traumatizada com um caso anterior mal resolvido e uma vida pessoal prestes a implodir, e Stephen Holder, um policial mal-amado por acções passadas e que pode ter obscuras intenções na investigação. Ao mesmo tempo, acompanhamos o choque e o consequente colapso do núcleo familiar de Rosie e seguimos a campanha de um promissor político que, indirectamente, vê-se envolvido no caso e com as eleições à porta.
Atmosférico e repleto de interpretações viscerais, The Killing é o anti-CSI: os detectives deparam-se com obstáculos de todos os quadrantes, há avanços e recuos no processo, erros são cometidos e tudo acontece com relativa lentidão – e quando a série vira o seu foco para os dramas pessoais, fá-lo de maneira subtil e eficaz e assim entendemos facilmente a dedicação profissional quase obsessiva de Linden, o facto de Holder ter de provar a sua competência para aqueles que o rodeiam (ainda que por portas travessas) ou o receio dos Larsens de que a morte da filha desperte algo mais que já estaria enterrado no passado. Além disso, a narrativa é mergulhada na pouco solarenga e chuvosa Seattle, num clima sombrio e depressiva que rima com o luto da morte de um familiar e com o carácter ambíguo de todas as personagens. Compreendo a desilusão de muita gente com o desfecho da temporada, mas como eu já sabia o que não iria acontecer, pude relaxar e embrenhar-me na morte da doce e enigmática Rosie Larsen e sentir os efeitos naqueles que a rodeavam.