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Cloud Atlas

por Antero, em 09.12.12


Cloud Atlas (2012)

Realização: Lana Wachowsky, Andy Wachowski, Tom Tykwer

Argumento: Lana Wachowsky, Andy Wachowski, Tom Tykwer

Elenco: Tom Hanks, Halle Berry, Jim Broadbent, Hugo Weaving, Jim Sturgess, Doona Bae, Ben Whishaw, James D'Arcy, Zhou Xun, Keith David, David Gyasi, Susan Sarandon, Hugh Grant
 

Qualidade da banha:

 

É bem provável que levem muitos anos até que Cloud Atlas tenha os seus méritos artísticos reconhecidos. Aqui está uma obra desafiante, cuja impressão necessita de ser amadurecida, capaz de gerar as reações mais extremas e que, acredito eu, o tempo lhe fará justiça. Onde muitos viram presunção, eu vi ambição; onde outros se distanciaram, eu deixei-me absorver; onde outros se desesperaram, eu deliciei-me. Cloud Atlas não é um simples filme; é uma experiência cinematográfica visceral.

 

Baseado no livro de David Mitchell, Cloud Atlas divide-se em seis histórias distintas, todas em épocas diferentes: desde 1849 (numa história sobre escravatura) até milhões de anos no futuro (uma fantasia num mundo distante), 106 anos depois de um evento denominado A Queda, passando pelo Reino Unido de 1936 (uma história sobre um amor homossexual proibido e a criação de uma obra-prima musical), 1973 (com uma investigação jornalística sobre centrais nucleares em São Francisco), 2012 (com uma engraçadíssima comédia britânica sobre um grupo de velhinhos que tentam escapar de um asilo) e, enfim, 2144 (em Neo Seul, numa ficção científica cyberpunk com uma empregada fabricada de uma cadeia de restaurantes tornando-se a líder de uma revolução).

 

Todas as narrativas têm uma certa conexão que remete para correntes como o empirismo, espiritualismo, a teoria do caos e reencarnações, mas nada que seja mastigado para que o espetador saia da sala com tudo explicadinho (além de que aplicar a lógica a todas estas relações seria um exercício fútil). Nalgumas, as interações são subtis e com resultados poderosos; noutras, servem mais como curiosidade narrativa. O mais importante, porém, é que todas as histórias conseguem manter o interesse do início ao fim sem que se anulem umas às outras, beneficiando-se do facto de estarem integradas na mesma obra onde determinadas sequências encontram reflexo numa cena de outra época, num fabuloso mosaico narrativo que obriga o espectador a organizar mentalmente personagens, ações, diálogos e elementos.

 

Para isto contribui o trabalho do editor Alexander Berner que, num mundo justo, arrebataria todos os prémios da área: Cloud Atlas salta ferozmente entre épocas com raccords sensacionais que, além de soarem elegantes (frases, objetos, planos, movimentos, sons... tudo serve para passar de uma cena para outra), conferem fluidez a uma narrativa que poderia tornar-se cansativa nas suas quase três horas de duração. Em vez disso, a complexidade do belo argumento escrito pelos Wachowskis e Tom Tykwer desenvolve-se de maneira fascinante com o bónus de que, para conferir unidade à sua obra, os realizadores usaram o excelente elenco em todas as histórias que, com o auxílio da equipa de caracterização, conseguem resultados surpreendentes e engenhosos: ocidentais viram orientais, negros passam a caucasianos, homens transformam-se em personagens femininas e por aí vai.

 

Mesmo contando histórias de seis épocas diferentes, todos os departamentos de Cloud Atlas (fotografia, direção artística, guarda-roupa, efeitos especiais, etc.) conseguem a proeza de não destoarem uns dos outros e fornecem uma coesão sensorial que eleva a projeção a outro nível: cada segmento é filmado de forma a extrair o máximo dele e a forma como são entrecortados revela tanta paixão que não me restava outra alternativa a não ser render-me ao maravilhamento do épico que é Cloud Atlas.

 

publicado às 22:20


Alvará

Antero Eduardo Monteiro. 30 anos. Residente em Espinho, Aveiro, Portugal, Europa, Terra, Sistema Solar, Via Láctea. De momento está desempregado, mas já trabalhou como Técnico de Multimédia (seja lá o que isso for...) fazendo uso do grau de licenciado em Novas Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro. Gosta de cinema, séries, comics, dormir, de chatear os outros e de ser pouco chateado. O presente estaminé serve para falar de tudo e de mais alguma coisa. Insultos positivos são bem-vindos. E, desde já, obrigado pela visita e volte sempre!

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