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American Pie: O Reencontro

por Antero, em 06.04.12


American Reunion (2012)

Realização: Jon Hurwitz, Hayden Schlossberg

Argumento: Jon Hurwitz, Hayden Schlossberg

Elenco: Jason Biggs, Alyson Hannigan, Thomas Ian Nicholas, Chris Klein, Sean William Scott, Eddie Kay Thomas, Eugene Levy, Tara Reid, Mena Suvari, Jennifer Coolidge
 

Qualidade da banha:

 

American Pie vale apenas pelo divertido primeiro filme; tudo o resto que veio a depois limitou-se a repetir a fórmula com mais ou menos escatologia (e nem me vou debruçar sobre os derivados lançados para o mercado de vídeo). Treze longos anos depois, alguma mente iluminada teve a ideia de reunir o elenco e ressuscitar as personagens com preocupações mais adultas, mas nem por isso mais ajuizadas. E o filme até arranca bem com a curiosidade de rever todo o grupo, embora isto se desvaneça em pouco tempo: afinal, carinho e saudade são duas emoções que as personagens da série dificilmente evocam.


A história anda à volta de um reencontro entre os finalistas da turma de 1999. Jim (Biggs) tem um filho pequeno com Michelle (Hannigan) e ambos ressentem-se de uma vida sexual estagnada; Kevin (Nicholas) também tem um filho e trabalha a partir de casa; Oz (Klein) apresenta um programa desportivo e namora com uma beldade, apesar de nunca ter esquecido a sua antiga paixão; Finch (Thomas) aparenta ser o que menos mudou - isto se descontarmos o incontrolável Stifler (Scott) que continua incrivelmente imaturo e sempre à espreita da próxima queca. Todos eles voltam para o cenário onde desesperavam por perder a virgindade e – vejam só! – reavaliarão as suas trajetórias.

Assistir a American Pie: O Reencontro é como ver um museu do final de década de 90 no qual estão expostos atores que, em algum momento da História, ousaram tornar-se estrelas cintilantes no firmamento de Hollywood – e a experiência é nada mais que mórbida. Se Biggs, Hannigan e Scott ainda conseguiram alguma visibilidade no cinema e na televisão (embora nada do outro mundo e sempre no mesmo registo), já Chris Klein, Thomas Ian Nicholas e Eddie Kay Thomas são resgatados do limbo e bem podem agradecer a American Pie a sua pouca exposição. O filme, no entanto, não deixa margem para dúvidas das medíocres carreiras que os acompanham, uma vez que, como atores, eles não são nada de especial – e ver Klein em cena é particularmente doloroso de tão mau que ele é. E o que dizer de Mena Suvari e Tara Reid? Duas péssimas atrizes merecidamente esquecidas que regressam e tentam forçosamente mostrar que os anos foram benéficos para com elas e que apenas se embaraçam, especialmente a última.

Numa altura em que Judd Apatow provou que é possível uma comédia ter piadas porcas e ser também inteligente e madura, chega a dar pena ver os esforços inglórios da dupla Hurwitz/Schlossberg em investir em situações onde nada parece funcionar: desde a "vingança" levada a cabo por Stifler sobre um grupo de jovens, passando pela fogosa vizinha de Jim e acabando na reencenação da famosa cena da tarte (onde até temos direito a um momento de nudez frontal, algo impensável há 13 anos), todas as piadas conseguem ser antecipadas pelo espectador mais experiente tal é a construção precária das mesmas e o déjà vu que elas despertam. Basta referir que não só temos a situação da "tarte", como também Jim a ser apanhado em flagrante e a cena em que o grupo invade uma moradia e vê-se em risco de ser apanhado. Não adianta vir com a desculpa da nostalgia; isto é trabalho de argumentista preguiçoso.

Quanto à parte da inteligência e da maturidade, American Pie: O Reencontro também fraqueja das pernas. É o típico: as personagens reavaliam as suas vidas e percebem que não são tão infelizes quanto pensavam ou as personagens reavaliam as suas vidas e percebem que, sim, são infelizes e algo tem de mudar. Nada tenho contra este esquema, mas pedia-se mais sofisticação e menos obviedade, até por que inúmeras comédias abordaram estes temas com melhores resultados. O ridículo é que o filme trata-os como um bando de anormais que, para contrariar as vicissitudes da vida adulta, decide abraçar o adolescente idiota que ainda vive neles sem perceber que não estabelece nenhuma âncora emocional que nos leve a compreender os seus dilemas. Com isto, o potencial cómico fica irremediavelmente comprometido, visto que não nos revemos nas suas atitudes imaturas (o que não acontece na maioria das comédias de Judd Apatow ou até mesmo dos Irmãos Farrelly).

 

Há, porém, um elemento que providencia os pontos altos do filme (e da franquia): o pai de Jim (Levy) e a sua absurda honestidade e abertura em relação a tudo o que envolva o filho. A química entre ambos continua impecável e é nos seus diálogos e nos seus momentos (nomeadamente aquele durante os créditos finais) que se vislumbra a sensibilidade que falta em tudo o resto e que, por isso mesmo, se tornam nas cenas mais engraçadas. De resto, soa tudo muito forçado e estranho como se aquela gente se reunisse não por que são amigos uns dos outros, mas sim por interesses financeiros.

 

E, de certa forma, é isso que acontece.

 

publicado às 00:11


Alvará

Antero Eduardo Monteiro. 30 anos. Residente em Espinho, Aveiro, Portugal, Europa, Terra, Sistema Solar, Via Láctea. De momento está desempregado, mas já trabalhou como Técnico de Multimédia (seja lá o que isso for...) fazendo uso do grau de licenciado em Novas Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro. Gosta de cinema, séries, comics, dormir, de chatear os outros e de ser pouco chateado. O presente estaminé serve para falar de tudo e de mais alguma coisa. Insultos positivos são bem-vindos. E, desde já, obrigado pela visita e volte sempre!

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