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LOST: enfim... o fim!

por Antero, em 24.05.10

ALERTA DE SPOILER! Este post contém informações relevantes, pelo que é aconselhável que só leiam caso estejam a par da exibição norte-americana.

 

 

LOST 6x17 e 6x18: The End

Um final poético, poderoso e, acima de tudo, corajoso. Vai desagradar imensa gente, principalmente aqueles que estão à espera de respostas. Eu fiquei plenamente satisfeito. Não houve respostas, mas houve emoções a rodo. Chorei litros. Foi perfeito.

 

A esta altura nunca pensei que a série pudesse voltar a surpreender. Pensava eu que o último episódio seria dedicado ao desenrolar da guerra entre o recém-nomeado guardião da lha, Jack, e o Falso Locke ao mesmo tempo que acompanharíamos uma espécie de fusão entre ambas as realidades. A primeira parte foi cumprida: Jack e Locke decidem tirar a prova dos nove e comprovar qual dos dois teria razão e auxiliam Desmond na caverna da luz - onde o conceito darolhafoi levado à letra. Desmond pensaria que estaria, de certa forma, a activar a realidade paralela, mas o máximo que conseguiu foi despoletar um evento que levaria ao afundamento da Ilha. No entanto, esgotada a fonte, esgota-se também a imortalidade do Homem de Negro e este fica à mercê de Jack. Enquanto isso, Lapidus é encotrado vivo e providenciará a fuga tanto almejada por Sawyer, Miles, Kate, Claire e Richard, ao passo que Hurley fica para trás e sucede a Jack como líder e com Ben como seu braço direito.

 

Por outro lado, na realidade paralela, a emoção só aumentava a cada personagem que "despertava" e vários foram os momentos simbólicos a remeter a eventos passados: o parto de Aaron, a ecografia de Sun, a recuperação de Locke. Mas as lágrimas começaram a ficar mais pesadas nos últimos dez minutos com a epifania de Jack, ainda por cima com a incrível banda sonora de Michael Giacchino que é de uma consistência e emotividade memoráveis. Longe do misticismo ou da ciência, o final de LOST recorreu à religião no seu sentido mais lato (basta ver que na Igreja onde todos se encontram há vários símbolos de diferentes religiões, numa mensagem que se quer universal). Eu pensei que a realidade paralela poderia significar que o Homem de Negro havia vencido ou que a mesma era um prémio de Jacob pelos sacrifícios feitos, mas nada me preparou para o turbilhão de emoções que foi o desvendar da verdadeira natureza da mesma.

 

Impossível de ser racionalmente explicada, a realidade paralela acaba por ser uma segunda vivência (reencarnação?) daquelas personagens que se permitem reencontrar após terem partilhado uma parcela decisiva das suas existências. Purgatório? Talvez sim, até porque algumas personagens não "estão preparadas" (Ana Lucia) e outras decidem ficar para trás (Ben) como se ainda tivessem muito que fazer para redimir os seus pecados. Eu, que não sou nada dado a estas coisas, achei uma solução fascinante e que encerra a trajectória das personagens de forma elegante e poética, com a morte de Jack no local onde tudo começou, mas agora com o sentido de dever cumprido.

 

 

 

 

Obviamente que quem procurava que tudo se resolvesse agora deve andar bem frustrado. No fundo, o essencial foi respondido ou ficou nas entrelinhas. Apenas não ficamos a saber exactamente como as coisas são (a luz ou o Monstro, por exemplo), mas sabemos o seu propósito e seria impossível explicar plausivelmente vários mistérios da Ilha, mas a sua natureza ficou esclarecida. Claro que houve situações mal desenvolvidas - o facto de Walt ser especial - ou respostas muito menos elaboradas que as teorias que pipocavam na Internet. No entanto, os produtores de LOST sempre afirmaram que esta era uma série de personagem, sobre humanidade e o sentido da vida. Os mistérios maquilhavam os questionamentos que a série levantava, a evolução das suas personagens e o conflito que germinava entre elas. Para mim, é mais instigante perceber como Sawyer passou de pessoa conflituosa e vingativa para um sujeito afável, ou acompanhar a jornada emocional de Jack até chegar a crente ou assistir à contradição do caminho de Locke, cuja fé na Ilha o levou à morte, do que saber porque os Números aparecem em todo o lado (uma pergunta parva quanto a mim) ou saber mais sobre as tatuagens de Jack.

 

Assim, o final de LOST deixa um monte de perguntas em aberto e que podem perfeitamente ser descortinadas pelo espectador mas, melhor do que isso, oferece um final emotivo que faz justiça a toda a série ao confiar na inteligência do espectador e preferindo arriscar do que jogar pelo seguro, cabendo ao espectador interpretar o final como bem quiser. Um brilhante final para uma série genial. Foi uma bela caminhada. Obrigado.

 

10 potes de banha


publicado às 11:53


36 comentários

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De Jonasnuts a 24.05.2010 às 13:34

Estava à espera deste post :)
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De MariaP a 25.05.2010 às 23:52


Realmente foi preciso ler este post para compreender algumas coisas. Ainda vou voltar a ver o episodio, agora que já li estas linhas e vou tentar perceber o sentido.

Também só agora é que percebi que a serie termina exactamente como começa. Tal como disse hoje a uma amiga minha, era ver tudo de novo e encaixar algumas peças, iríamos compreender algumas coisas melhor. Se bem que imensas coisas ficaram por explicar.

Acabei por perceber também, que eles eram imortais devido à luz da ilha.

Apesar de ter ficado um pouco, não sei se desiludida com o fim, mas esperava qualquer coisa que não aconteceu. Mas agora consegui ficar mais esclarecida e animada.

A primeira pergunta que fiz a mim própria quando terminei de ver o lost , foi mesmo "então para que serviu a bomba?". Apesar da explicação de que a bomba serviu para voltar a por tudo no lugar, fica por explicar porque é que os flash deles, se o avião não tivesse caído começaram desde então. Sobre isto, os flashes eram eles já mortos correcto?

Porque confesso, houve várias coisas que me desapontaram durante toda a temporada.
1º- Quando o avião caiu, o Boone e a Shannon iam nele, enquanto na 6ª temporada, no avião a Shannon ficou na Austrália porque o Boone não a conseguiu trazer.
2º- O Desmond não ia no avião com eles, porque estava na escotilha a inserir os números!
3º- A Juliet , ex mulher de Jack nos flashes, já estava na ilha quando o avião caiu.

A explicação mais lógica no meio disto tudo, será mesmo que eles já estavam todos mortos, porque de resto não sei onde encontrar a linha lógica da coisa. Por que raio é que o Jack passou a ter um filho? Bem, há muita coisa que ficou por explicar mesmo.

Apesar de acharem estúpida a pergunta dos números, era giro saber, de qualquer forma, isso não irá acontecer, porque segundo a entrevista feita ao produtor, nem ele próprio sabe - tirou à sorte!
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De MariaP a 26.05.2010 às 00:09

Acabei de ver um pequeno resumo do lost, pronto, dou o braço a torcer.
Com a explosão da bomba de hidrogenio, o avião não cai e desmond não tem de apertar o botão. Mas.. como é que ele foi dar ao avião deles que ia da Austrália? Não consigo atingir..
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De Antero a 26.05.2010 às 00:56

Ok, vamos lá com calma.

A realidade paralela, que não era mais do que um limbo antes do patamar seguinte após a morte (Céu, Paraíso, whatever), criado pelos próprios para se poderem reencontrar e seguir avante com as suas existências. Um lugar sem tempo fixo e que fica em local nenhum. Se a Ilha foi a parte mais importante das vidas daquelas pessoas, nada mais justo do que tentar reestabelecer contacto nem que seja a um nível espiritualmente mais avançado.

Assim, o limbo não precisa de estar ancorado em nenhum momento relevante de tudo o que se passou. Não há um momento em que possamos dizer "é a partir daqui que a realidade paralela existe". Nada disso. É todo um novo universo onde as personagens - e aqui está a beleza poética da temporada - operam uma redenção a si próprias. Jack tem um filho e reflecte nele os problemas que tinha com o seu pai e resolve-os; Ben é um indivíduo carinhoso que cuida do seu pai enfermo; Locke, ironicamente, provocou o acidente do seu pai, o que podemos assumir como uma vingança inconsciente pelo roubo do rim e tê-lo posto numa cadeira de rodas; Sawyer é um homem do lado da lei; Sayid mantém o amor por Nadia, mas não está envolvido com ela por todo o sofrimento que a relação entre ambos causou a ela; Claire leva a gravidez até ao fim e conhece o meio-irmão (Jack) de forma natural.

No entanto, para que os caminhos das personagens se cruzassem era necessário um cenário: nada mais nada menos do que o voo 815 da Oceanic. Pegar em detalhes como o facto da Shannon não estar no avião é infrutífero, uma vez que o que interessa é o futuro cruzamento dos caminhos de cada um e estava lá Boone para, posteriormente, a trazer de volta a Los Angeles. O mesmo é válido para Juliet e Desmond: eram necessárias circunstâncias para que estes se integrassem no contexto uma vez que ambos não estavam no voo 815 original. No caso dela, é ser a ex-esposa de Jack; no dele, foi inseri-lo directamente no mesmo cenário, até porque é por Desmond que eclodirão todos os "despertares". Além do mais, Desmond foi a Sidney como homem de confiança de Widmore e, tal como Eliose disse há uns episódios, tudo o que ele queria era a aprovação do pai de Penny. Por isso é que não interessa onde eles estavam e o que faziam quando a bomba explodiu ou quando o avião caiu na Ilha: nada destes eventos têm relação directa com a realidade paralela.

Quanto aos Números, a sua natureza foi devidamente explicada e o facto de eles aparecerem em todo o lado é uma mera curiosidade/coincidência digna da série. Partir o coco a pensar porque aparecem gravados na escotilha ou saíram na lotaria a Hurley não leva a lado algum. Os Números são os candidatos que ficaram para o fim, deles depende o futuro da Ilha e, inicialmente, eram 360 (cada grau de uma circunferência). Nada garante que outros tenham ido parar à Ilha e as coisas tenham corrido mal. Se calhar alguns deles eram da Dharma, ou de povos anteriores ou, mais interessante ainda, eram todos os passageiros do voo 815. Esta é uma das perguntas que considero melhores deixadas em aberto do que respondidas. É muito melhor formular as nossas teorias do que saber a resposta. Quase como um truque de magia.

Espero ter ajudado a perceber melhor o final.
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De MariaP a 27.05.2010 às 00:10

Ajudou. Torna-se menos escuro na minha mente sim. Disseste que os números foram devidamente explicados. Qual era a explicação? Não me lembro.

Apesar de perceber a parte bonita do fim, não estava à espera.
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De Antero a 27.05.2010 às 13:57

Falei neles no último parágrafo do meu comentário anterior. Para mais informações, vai a http://lostpedia.wikia.com/wiki/Numbers e começa a desvenda-los.
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De antonio a 26.06.2010 às 19:38

pena todas as pessoas que seguiram lost e tentaram perceber a sua historia nao olharem para o mundo real e perceberem que elas proprias entraram numa historia real que o produtor utilizou para ganhar fãs e dinheiro... ele proprio admitiu ter deixado tudo em aberto para imortalizar a historia ou seja fez dos seguidores "parolos"...

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Alvará

Antero Eduardo Monteiro. 30 anos. Residente em Espinho, Aveiro, Portugal, Europa, Terra, Sistema Solar, Via Láctea. De momento está desempregado, mas já trabalhou como Técnico de Multimédia (seja lá o que isso for...) fazendo uso do grau de licenciado em Novas Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro. Gosta de cinema, séries, comics, dormir, de chatear os outros e de ser pouco chateado. O presente estaminé serve para falar de tudo e de mais alguma coisa. Insultos positivos são bem-vindos. E, desde já, obrigado pela visita e volte sempre!

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