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A retaliação de Michael Bay

por Antero, em 26.06.09

 

Não há como fugir muito a isto: assistir a Transformers – Retaliação, continuação do fraco filme lançado em 2007, é uma experiência próxima da tortura. Tudo é ampliado nesta sequela: mais dinheiro, mais robôs, mais vilões, mais acção, mais efeitos especiais, mais barulho, mais filtros amarelos, mais planos à volta das personagens, mais câmaras lentas, mais tremedeira, mais burrice, mais incompetência. Incrível como Michael Bay consegue cavar no buraco que já é a sua medíocre carreira, mas a constatação final é a de que este é o pior filme dos já realizados por ele. E se levarmos em conta que ele é o ‘génio’ por detrás de coisas como Bad Boys 2, Pearl Harbor e, claro, o primeiro Transformers, já para ter uma ideia do quão mau é este Transformers – Retaliação: uma síntese não só dos piores vícios de Bay, mas também da máquina de Hollywood.

 

Escrito a seis mãos – sendo que quatro delas devem ter esgotado a inteligência toda ao escreverStar Trek– este novo filme remenda um dos erros do antecessor, que consistia em várias narrativas paralelas que se cruzavam por obra e graça do Espírito Santo, ao incluir todas as personagens na mesma história de forma desajeitada e absurdamente gratuita (como, por exemplo, os pais de Sam e, ainda mais rasteiro, o agente Simmons). Dois anos se passaram desde os eventos da película anterior e agora os bons Autobots unem-se ao exército norte-americano na defesa do planeta contra as ameaças dos cruéis Decepticons numa unidade que deveria ser ultra-secreta, mas que acaba por causar tantos estragos por onde passa (como se vê logo no início do filme) que até custa a acreditar que a população caia nas lérias do Governo (se calhar eles pediram emprestado ao MIB aqueles apagadores de memória em que um flash era seguido de uma patranha qualquer). Sam Witwicky vai para a Faculdade, porém o seu namoro com Mikaela continua de pedra e cal, embora ele não consiga expressar a palavra “amo-te”, o que causa dúvidas na moça. É quando surge o maligno robô Decepticon, Derrotado (Fallen no original), que, juntamente com os seus aliados, pretende reunir uma série de artefactos antigos que poderão levar à destruição do nosso Sol e acabar com a raça humana.

 

Trazendo uma infinidade de novos robôs prontos a serem comercializados como bonecos, Transformers – Retaliação aposta tudo nas cenas de acção, nas imensas explosões e nos impecáveis efeitos digitais num contínuo ataque aos sentidos do espectador para que este fique anestesiado e não perceba que, no fundo, não há história alguma ali. A cada 10 minutos, entre uma explosão e outra, lá surge um novo elemento que leva os heróis a uma longa explicação e a uma mudança nos seus objectivos. Consta que o argumento teve de ser finalizado às pressas em virtude da Greve dos Argumentistas no final de 2007 e isso nota-se no filme, tamanhos são os erros que Bay e companhia desfilam sem pudor diante dos nossos olhos. É inacreditável: os Autobots devem esconder a sua presença dos humanos, mas Optimus Prime não tem qualquer problema em marcar um encontro com Sam num cemitério, em plena luz do dia. Numa cena os heróis são perseguidos no deserto para, logo a seguir, aparecer um mato do nada e, uns segundos depois, uma aldeia que logo dá lugar ao deserto. Mas nada disto se compara ao dedo do meio levantado à Geografia que é a impressão de que as ruínas de Petra e as Pirâmides de Gizé distam poucos quilómetros ou que os heróis não têm qualquer problema em viajar do Egipto para a Jordânia, só que têm de passar num posto fronteiriço no Egipto para… voltar ao Egipto!

 

Recheado de personagens aborrecidas (todas, sem excepção), Transformers – Retaliação ainda encontra espaço para todas as manias de Michael Bay. Desde o seu ego inchado (a inclusão do poster de Bad Boys 2) passando pela exaltação das forças militares norte-americanas, Bay filma tudo como uma sucessão de clímaxes, berrando aos nossos ouvidos “vejam esta explosão! BOOOOMMM!” ou “olhem que efeitos espectaculares!” como se isso fosse atenuante para o descalabro total. E se antes podíamos contar com o carisma de Shia Labeouf para aliviar o sofrimento, aqui o rapaz só se embaraça, principalmente quando se torna ‘possuído’ pelas visões do que resta do cubo Centelha. Aliás, todo o elenco está péssimo, não fazendo o mínimo esforço para tornar as personagens mais interessantes. E, sinceramente, começo a temer pela carreira de John Turturro que,mais uma vez, se expõe ao ridículo gritando e fazendo caretas, provando que nenhum talento está imune ao poder devastador de Michael Bay, o verdadeiro herdeiro dos Decepticons.

 

Porém, eu estaria sendo injusto se não guardasse uma parte deste texto para Megan Fox e a sua Mikaela. Inexpressiva ao máximo, a actriz adopta a mesma postura de ninfeta sedutora do filme anterior, evidenciando aquilo que Mikaela realmente é: um objecto a ser explorado sexualmente nas mãos de Bay. Perfeitamente maquilhada mesmo quando trabalha na oficina do pai, Mikaela é mais um ‘efeito especial’ para desviar a atenção do espectador e satisfazer as necessidades dos adolescentes masculinos (aquela posição em cima da motorizada…). A sua história de amor com Sam é irritante, ainda mais depois de percebermos que, como namorado, ele é uma lástima, uma vez que ela decide acompanhá-lo para o epicentro de um combate e o rapaz nem insiste para que ela fique segura. Se eu fosse Mikaela, mandava Sam dar uma volta, registava a patente daquele batom duradouro que não desaparece com poeira nem sujidade e vivia milionário até ao fim dos meus dias.

 

Contendo uma piada que envolve os testículos de um Transformer, o que, num mundo ideal, daria consultas psiquiátricas vitalícias a Bay (por falar nisso, a noção que ele tem de residências universitárias é a de uma boîte, mas creio que isso é um mal de Hollywood), Transformers - Retaliação ainda tem laivos de grandiosidade ao achar que tem história para duas horas e meia de duração, arrastando o tormento até aos limites do suportável. Duas horas e meia da mais pura celebração da mediocridade de Hollywood, onde os departamentos de marketing são quem mais ordenam. A evitar a todo o custo.  

 

Qualidade da banha: 3/20

 

publicado às 04:32

Esta ressaca tem efeitos benéficos

por Antero, em 22.06.09

 

Na senda de comédias como Os Fura-Casamentos, American Pie – A Primeira Vez e Dias de Loucura (com o qual partilha o realizador, Todd Philips), o recém-estreado A Ressaca é uma daquelas comédias politicamente incorrectas, onde os adultos se mostram imaturos como adolescentes e dispostos a tudo por uma boa noite de farra. Este tipo de comédia, depois de ter o seu ponto alto no início dos anos 80 do século passado, voltou a estar em voga em Hollywood, com sucessos como os citados acima e a colaboração de Judd Apatow, em comédias como Virgem aos 40 Anos, Knocked Up – Um Azar do Caraças e Superbad. No entanto, ao contrário das obras produzidas por Apatow, este A Ressaca tem o mesmo género de piadas grosseiras, mas não tem um “coração” por assim dizer (no primeiro seria a cruzada de Steve Carrell; no segundo o despertar para a paternidade; e no terceiro o valor da amizade). Não que esse “coração” faça muita falta ao resultado final.

 

Doug Billings vai casar. Para comemorar o evento, os seus melhores amigos organizam uma ida a Las Vegas, onde a promessa de muitas tentações embalam os desejos dos últimos dias de um solteiro. O grupo é composto por Doug, Phil, um professor casado, pai de um rapaz e infeliz, Stu, controlado pela namorada possessiva, e Alan, irmão da noiva, que não parece jogar com o baralho todo. Depois de uma noite de arromba, o noivo desaparece e cabe aos restantes três encontrá-lo e tentar perceber o que se passou na noite anterior, uma vez que eles não se recordam de nada. O quarto está virado do avesso, há um tigre na casa de banho, uma galinha, um deles esteve no hospital, outro perdeu um dente e há um bebé também perdido pelo meio. Ao longo do filme vamos sabendo o que realmente aconteceu durante a noite, o que envolve situações absurdas como gangues asiáticas, Mike Tyson, uma prostituta e muito mais. A situação da galinha nunca é esclarecida.

 

Com uma premissa semelhante ao execrável Onde Tá o Carro, Meu?, A Ressaca vai caminhando na linha ténue que separa o hilariante do estúpido, mas sem nunca tirar o pé do acelerador: as gags sucedem-se a um ritmo altíssimo complementadas pelas hilariantes tiradas das personagens (gosto especialmente daquela em que Heather Graham declara: “Na verdade, eu sou uma acompanhante. Mas achei que a prostituição seria um melhor meio de angariar clientes.”). E se o filme falha na participação descartável de Mike Tyson e na execução de algumas piadas (como aquela do confronto entre Alan e um miúdo, onde a construção da cena é óptima, mas a resolução deixa a desejar), logo se redime com o gangster asiático de comportamento errático, com o exemplar doseamento de uma piada referente a um tripulante de cruzeiro que é repetida em todo o filme e nunca cansa, e… basicamente todas as cenas em que Alan intervém.

 

Alan, interpretado por Zach Galifianakis numa actuação inspiradíssima, acaba por se tornar no centro do filme e o dono das melhores cenas. Totalmente sem noção e ingénuo, com um complexo de inferioridade em relação ao resto do grupo (reparem no detalhe da verdadeira adoração que ele nutre por Phil) e tentando integrar-se mediante esforços que já nascem fracassados (“Eu era o lobo solitário de uma alcateia…”), Alan é uma daquelas personagens com o qual o público simpatiza de imediato. Ele tem as melhores cenas (a da recepção e a do telhado do hotel) e as melhores tiradas, principalmente duas que se referem a tragédias como o Holocausto e o 11 de Setembro. Mas nada disto funcionaria em pleno se o restante elenco não fosse coeso e os restantes actores exibem carisma e uma química perfeita: Bradley Cooper retrata Phil não como um ser imaturo, mas sim alguém irresponsável preso a uma vida a dois; Ed Helms mostra uma vulnerabilidade para com a namorada que se vai esgotando ao longo do tempo; e Heather Graham representa Jade como uma boa moça à procura do homem ideal.

 

Desta forma, o público acaba por se deixar conquistar pelo charme destas personagens e pelas situações mirabolantes na qual elas se envolvem, algo que pode ser atestado pela óbvia, porém eficaz montagem final, onde são exibidas fotos do que aconteceu ao longo da noite de folia em Las Vegas. O espectador acaba por rir do choque porque conhece e simpatiza com aqueles quatro indivíduos, deixando a sala de cinema com um sorriso estampado no rosto, seguro que acabara de assistir a uma boa comédia. E isto é mais do que se pode dizer das obras do género actualmente.

 

Qualidade da banha: 15/20

 

publicado às 19:27

Reforço divino

por Antero, em 17.06.09

 

Cheira-me que o Benfica só vai começar a jogar bem lá para o Natal. Para ir abaixo por alturas da Páscoa. Esperemos é que o milagre da multiplicação dos golos (e dos pontos) vá chegando para o prejuízo. Embora eu ache que ele tenha tudo a favor para ser crucificado. Ao menos que ponha os discípulos a correr. E uma ajudinha do papá não era mal pensada.

 

Amén!

 

publicado às 22:20

A Bíblia

por Antero, em 15.06.09

 

Ler Watchmen, a mais celebrada graphic novel de sempre, depois de ter assistido àadaptação cinematográficapoderia ser uma experiência monótona, uma vez que já conhecia a história de uma ponta à outra, as personagens já não eram novidade, as surpresas já estavam previstas. Surpreendentemente, o facto de já conhecer a história acabou por jogar a favor dos 12 capítulos que constituem a obra: acompanhar a acção a desenrolar-se lentamente, deliciar-me com detalhes que não aparecem no filme, perceber algo que ficou implícito na transposição para o grande ecrã (toda a trajectória de Ozymandias) ou sequências que foram melhor desenvolvidas no cinema (por exemplo, o libertação de Rorschach que tem muito mais acção e menos paleio no filme, mas deve ter sido opção de Zack Snyder para dar uma mexida nas coisas porque o livro tem muito pouca pancadaria e muito, mas muito falatório).

 

Fascinante também é perceber toda a construção narrativa que Alan Moore concebeu: nada é deixado ao acaso; até a informação mais insignificante pode revelar-se crucial mais à frente. Há capítulos inteiros dedicados a aprofundar cada personagem, como se a história fizesse uma pausa para respirar e dar-nos a conhecer o interior daqueles seres. A arte de Dave Gibbons, longe de querer destacar-se como ponto forte da obra, alcança um equilíbrio assombroso entre o realismo e a fantasia daquele 1985 alternativo, mas sem nunca rejeitar o facto de que aquele seria um local deprimente para se viver, seja nas ruas imundas de Nova Iorque, na apatia do laboratório do Dr. Manhattan ou nos majestosamente inócuos edifícios de Ozymandias (é como se cada local fosse como uma janela para a alma das personagens). Quanto ao final, confesso que, após ter visto o do filme, o do livro já surge meio fantasioso demais, embora a intenção da ameaça externa que unirá o Mundo esteja lá toda. Agora compreendo perfeitamente quando diziam que esta era a obra "infilmável". Snyder fez um esforço meritório, mas nada se compara à força e à complexidade do original. Uma obra-prima.

 

publicado às 21:19

Crónicas do mundo do trabalho #6

por Antero, em 08.06.09

Férias...

 

Parecendo que não, já levo 6 meses de trabalho. Em jeito de balanço muito resumido, a coisa tem os seus prós e contras como tudo na vida. Há dias bons, menos bons, relaxados, stressantes, tarefas porreiras, fretes, elogios, raspanetes, grande folga financeira, tempo bastante apertado,... enfim, o pacote completo de qualquer posto de trabalho.

 

Amanhã entro de férias. Eu não contava com elas, mas o meu patrão decidiu "confirmá-las" hoje, aproveitando os dois feriados e o facto de ele fazer uma viagem para o outro lado do globo. Conveniente para ele; igual ao litro para mim. E não conto ir para lado nenhum, uma vez que não tive tempo para marcar seja o que for, mas a vontade também não é muita. Vou mas é aproveitar para descansar muito, dormir ainda mais, despachar duas mãos cheias de filmes em atraso, tentar alinhavar várias séries, gravar muita coisa em DVD, organizar o portátil, arrumar o quarto (que está caótico), fazer praia se o tempo permitir, visitar uns amigos a Aveiro e no Porto e, quiçá, fazer exercício físico para além do ginásio.

 

Parece-me bastante coisa para fazer em poucos dias. Porém, se me ficar pelas duas primeiras já dou a semana de férias por positiva. Ahhh, férias...

 

publicado às 21:53

Mais robótico, menos humano

por Antero, em 05.06.09

 

Sabendo a postura dos executivos de Hollywood, parece impossível de acreditar que a magnífica saga Terminator esteve parada longos 12 anos. E devia ter ficado por aí: apesar de ser um filme de acção razoável, se bem que descartável no cômputo da narrativa, T3: A Ascensão das Máquinas metia os pés pelas mãos sempre que o assunto era viagens no tempo. Mas, uma vez reaberto o filião, nada como continuar a fazer render o peixe e assim chegamos ao recente Exterminador Implacável: A Salvação, realizado por McG (dos "estupendos" Anjos de Charlie) que tenta dar um novo fôlego à saga, situando-a no futuro após os acontecimentos conhecidos como o Dia do Julgamento. Porém, não se deixem enganar pelo título, uma vez que o filme, de salvação, tem muito pouco. Está mais para Exterminador Implacável: A Escorregadela.

 

Em 2003, Marcus Wright (Sam Worthington) encontra-se prestes a ser executado por ter estado envolvido na morte do seu irmão e de alguns policias. Abordado pela doente Dra. Kogan (Helena Bonham Carter), Wright aceita doar o seu corpo para a Cyberdine Systems para complexas experiências, e acaba por acordar já em 2018, anos depois do sistema Skynet ter adquirido consciência e matando quase todos os seres humanos (que, segundo o filme anterior, ocorreu em 2003, adiando a data inicialmente estabelecida em 1997). Confuso, ele encontra o jovem Kyle Reese, que é perseguido por estar destinado a se tornar o pai de John Connor (Christian Bale), o líder da resistência humana.

 

Líder... apelidar John Connor de líder acaba por ser uma piada de mau gosto. Com discursos patéticos, sem carisma, com cara de duro e constantemente aos berros, este John Connor é muito mal desenvolvido, descartando um dos pontos onde até T3 se evidenciou: o legado que Connor carrega e a missão que deve cumprir. Aqui temos um soldado que se rebela com os seus superiores (não falta nem a batida cena do "estás dispensado"), mas o porquê de ele granjear tantos seguidores é uma incógnita. Tudo isto poderia ser minimizado com a actuação de Bale, mas até esta acaba por contribuir para o desastre. O que ainda equilibra a balança é Worthington, mas falar da sua interpretação acaba por ser spoiler (se bem que qualquer um com dois dedos de testa descobre logo tudo). E como A Salvação acaba por lhe dar grande destaque, o filme ganha pontos aí.

 

Que logo os perde ao focar-se demasiado na acção, revelando a ausência de um argumento que sustente tudo de forma coesa. Aqui o que interessa é saltar de uma cena de acção para outra, mesmo que esta surja desnecessária e/ou sem o dinamismo que James Cameron imprimiu nos dois primeiros filmes (porém, a bem da verdade, há que referir uma cena em que McG se supera e estou a falar do longo plano sequência do helicóptero no início do filme. Mas a fonte de boas ideias esgota-se por aí.). "Emprestando" elementos de produções como Transformers, Guerra dos Mundos, O Dia da Independência, Mad Max e, claro, dos filmes anteriores, A Salvação acaba por se tornar uma obra sem identidade, sem algo de realmente inovador. A não ser que considerem variedades de robots (aquáticos, aéreos, híbridos,...) uma inovação, mas eu acho que é mais para vender bonecos.

 

Sem conseguir instaurar um clima de tensão que nos leve a desesperar pelos heróis, A Salvação ainda comete o pecado de amenizar (com vista a classificação etária) o "comportamento" dos Terminators, que nunca chegam a ser aquelas máquinas letais que matam sem dó nem piedade, chegando ao cúmulo de lutarem "mano-a-mano" com os humanos (como se tal fosse possível). Além disso, o filme é recheado de bons efeitos especiais, muita barulheira e várias explosões que, além de não conseguirem esconder um argumento robótico e previsível, ainda soam como um massacre aos sentidos que Michael Bay não desdenharia em apadrinhar.

 

Com tudo isto, o filme ainda dá uns valentes tiros no pé, como por exemplo o facto de Reese conduzir bem um veículo depois de afirmar que nunca conduzira na vida. Ou o facto da Skynet não matar Reese quando o tem preso. Ou o helicóptero que escapa à vontade de uma enorme explosão que, supostamente, deveria ser nuclear. Desta forma, apesar de não ferir a lógica dos filmes anteriores (algo que T3 não conseguiu), Exterminador Implacável: A Salvação acaba por não acrescentar nada ao que já conhecíamos. E se esta constatação vem embrulhada num pacote onde nada faz muito sentido, podemos ver que, no nosso mundo, as máquinas já se revoltaram há que tempos. Ou seja, o dinheiro vence sempre.

 

Qualidade da banha: 7/20

 

publicado às 16:16

Prison Break: um final satisfatório

por Antero, em 02.06.09

ALERTA DE SPOILER! Este post contém informações relevantes, pelo que é aconselhável que só leiam caso estejam a par da exibição norte-americana.

 

 

Prison Break: Temporada 4 e The Final Break (telefilme)

Há uma diferença entre Heroes e Prison Break: ambos são entretenimentos descartáveis, com roteiros absurdos, com mais furos que uma peneira e intérpretes entre o fraco e o razoável. No entanto, Prison Break cumpre a sua função de entretenimento descompromissado, enquanto que a série dos heróis torra mais a paciência do que diverte. Depois de 4 anos a acompanhar as peripécias de Scofield e companhia e muitas unhas roídas, chega agora ao fim uma série que já havia passado o seu auge há muito, mas que ainda contou com um final digno, capaz de amarrar todas as pontas e deixar satisfeitos os (já poucos) fãs. Mas o percurso foi tudo menos fácil: depois de uma terceira temporada na corda bamba - e mais curta devido à greve dos argumentistas - o quarto ano começou de maneira trôpega, com a volta de Sarah, com o foco virado para a obtenção de Scylla e com a rocambulesca história de T-Bag a passar por impostor.

 

Aos poucos, porém, a temporada foi engrenando de vez à medida que as mortes se iam sucedendo, Scylla era um objectivo cada vez mais palpável e a Companhia estava presa por um fio. Interessante perceber o funcionamento da mesma (promover a guerra num país e lucrar com a sua reconstrução) e como Scylla mais não era que um projecto revolucionário de gestão de recursos de maneira fluída e implícita na narrativa. Com a Companhia de rastos e a traição de Self parecia que o quarto ano ia atingir um pico há muito não visto na série e o final prometia muito. Mas aí entraram dois factores que fizeram o interesse cair: um externo (a decisão de esperar meses até voltar a ter episódios inéditos) e um interno (a inclusão da mãe dos irmãos). Christina Rose entra de pára-quedas na história, trabalhava com a Companhia, muda as cartas todas, separa os irmãos, afinal já não são irmãos, topa que Sarah está grávida assim do nada, despreza Lincoln, gosta mais de Michael mas mais de poder, morre às mãos da "nora". Não era melhor manter a personagem morta? Até porque a revelação sobre Lincoln não causou o impacto esperado ou alguém duvidava que Michael ia deixar de o ajudar para se aliar à mãe? A presidente Caroline Reynolds tinha muito mais impacto como antagonista. Depois, Self passou a inútil, T-Bag andou perdido até ao último episódio quando confronta Sarah e o regresso de Kellerman e C-Note foi muito forçado.

 

Ainda assim, o final foi satisfatório por resolver todas as questões, compensando os bons e punindo os vilões, mas, principalmente, por matar Scofield. Vai daí, compilam dois episódios num telefilme onde vemos realmente como Michael morreu. E que morte tão sem sal e indigna da personagem. O motivo para Sarah ir presa e, consequentemente, relançar a história é deveras furado: o assassinato de Christina não fazia parte do perdão concedido a ela porque as suas funções na Companhia eram ocultas? A sério? Não se arranjava melhor? Vá lá que conseguiram criar tensão com o facto de Sarah ter permitido a fuga dos demais em Fox River, algo que custou o trabalho a imensa gente, e na nova prisão querem é fazer-lhe a vida negra. Porém, o General a pôr a cabeça dela a prémio foi tosco, as hierarquias das mulheres na prisão são muito cliché e tão... primeira temporada. Até porque o telefilme tem todo o ar de episódio piloto para uma nova série (por sinal, a ideia inicial era mesmo esta). E acaba por desamarrar pontas para as voltar a amarrar da mesma forma. Completamente desnecessário, mas ainda assim divertido.

 

Não me entendam mal: sempre gostei de Prison Break com todos os seus defeitos, situações forçadas, frases de efeito, planos mirabolantes, cliffhangers descartáveis e revelações absurdas. Mas há que ser honesto e perceber que a série durou mais do que devia. A quarta temporada fechou bem a história, mas não dá para esconder o seu tempo já lá ia e que foi esticada mais do que o aconselhável. Mesmo assim, vai deixar saudades.

 

6 potes de banha

 

publicado às 23:54


Alvará

Antero Eduardo Monteiro. 30 anos. Residente em Espinho, Aveiro, Portugal, Europa, Terra, Sistema Solar, Via Láctea. De momento está desempregado, mas já trabalhou como Técnico de Multimédia (seja lá o que isso for...) fazendo uso do grau de licenciado em Novas Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro. Gosta de cinema, séries, comics, dormir, de chatear os outros e de ser pouco chateado. O presente estaminé serve para falar de tudo e de mais alguma coisa. Insultos positivos são bem-vindos. E, desde já, obrigado pela visita e volte sempre!

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