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La Fura dels Baus

por Antero, em 31.05.09

- Hey Antero, queres vir amanhã ver o tal espectáculo na Feira? Compro bilhete para ti?

- Mas do que se trata?

- Ahhh, não sei bem. É teatro urbano, acho... mete gajas nuas, sexo,...

- Conta comigo!

 

Confesso a minha completa ignorância quanto à companhia de teatro catalã La Fura dels Baus, mas o tipo de actividades promovidas peloImaginariusem Santa Maria da Feira não são muito a minha praia. Tanto mais que foi a primeira vez que lá fui, o que me faz pensar que, em oferta cultural, qualquer Estarreja ou Feira mete Espinho no chinelo. E isso é deprimente. Mas, enfim... isso são contas de outro rosário.

 

Voltando aos La Fura, inesperadamente gostei muito do espectáculo. Não sabia minimamente para o que ia, o calor era muito, havia gajas nuas, mas nada de sexo. Bem, pelo menos não houve actos sexuais (e quem acha que o sexo se resume apenas ao acto em si tem uma visão muito quadrada do mundo). Os La Fura promovem um conceito de teatro diferente do vulgar: para tornar a experiência mais palpável e menos rígida e objectiva, o público torna-se parte integrante da actuação. Moldando cada encenação às condições existentes em cada espaço, a companhia torna a peça mais dinâmica ao obrigar o público a mover-se (leram bem) para acompanhar toda a acção, uma vez que a mesma se desenrola em vários pontos. Depois, há alturas em que os actores interagem directamente com os espectadores e, aí sim, está a grande piada de tudo. Mas já lá vamos.

 

O espectáculo concebido para a ocasião chama-seImperiume é relativamente fácil de acompanhar: trata da subjugação do Homem para com o seu semelhante, num retrato das sociedades imperialistas que dependem da manutenção de uma casta superior que abusa do poder que detém. Enquanto várias plataformas e os actores percorrem todo o espaço durante o desenrolar da acção, sempre ao som de uma música em tons bélicos, o espectador torna-se quase um cumplice das atrocidades cometidas ao deixar que a curiosidade (mórbida) ordene as suas acções. Mas onde o público entra mesmo de cabeça na narrativa é quando as "inferiores" se revoltam, caçam e torturam os "superiores" e degladiam-se entre si para obter o controlo dos restantes. É ver tinta e água a voar, jactos de farinha a serem disparados, arroz arremessado e muitos são aqueles que se sujam, mas é divertimento garantido (eu saí ileso, excepto por um bocado de arroz no ombro). É preciso é ir com o espírito aberto. Eu fui e gostei muito. Se arranjar fotos decentes prometo que exponho aqui na banca.

 

publicado às 17:55

O jogo do ano

por Antero, em 27.05.09

 

Acima de tudo espero (eu e toda a gente) que seja um jogo espectacular. Ainda assim, aposto num 2-1 para o Barcelona. Acho que as duas equipas se vão anular mutuamente, mas quem tem Messi, Iniesta, Eto'o e Henry não tem nada a temer. Excepto as frangalhadas de Valdés...

 

Mais palpites?


[Actualização 23h07]

 

O jogo não teve muita história: o Manchester United mostrou em exactos 9 minutos que é uma grande equipa. Depois o Barcelona marcou e nunca mais largou o controlo do jogo. Que banho de bola levou o United, com uns fogachos aqui e ali, mas nada que ameaçasse a superioridade Espanhola. Dos jogadores que enunciei lá em cima acrescentem Xavi: que classe! Lá teve de ficar o Ronaldo a chuchar no dedo (ok, ele até foi dos melhorzinhos, Rooney e a defesa é que estiveram irreconhecíveis). O Barcelona acaba por confirmar as minhas previsões desde o início da época: este ano iam limpar tudo com aquela máquina imparável. E limparam. Liga, Taça e Champions. Goleadas atrás de goleadas. 6-2 no Bernabéu. Fenomenal!

 

publicado às 14:31

ALERTA DE SPOILER! Este post contém informações relevantes, pelo que é aconselhável que só leiam caso estejam a par da exibição norte-americana.

 

 

How I Met Your Mother: Temporada 4

Há cerca de um ano,escrevio seguinte sobre a terceira temporada de How I Met Your Mother:

 

Apesar da temporada perder muito em relação às anteriores, principalmente a segunda, continua a ser uma óptima comédia, com personagens cativantes e piadas inspiradas (Barney Stinson é o maior!). A mecânica dos flashbacks dentro dos flashbacks continua a funcionar às mil maravilhas, proporcionando um ritmo elevado de situações hilariantes, inovando na já gasta categoria de sitcoms clássicas (aquelas com recurso a multi-câmaras e risos do público no fundo).

 

Vista a quarta temporada, muito do que foi escrito há meses continua a aplicar-se. Os defeitos são os mesmos: episódios excelentes intercalados com histórias medianas ou irrelevantes. Neste aspecto, as duas primeiras temporadas foram mais consistentes até porque foi aí que a história de Ted e da demanda pela sua esposa revelou todo o seu potencial. No entanto, só agora é que How I Met Your Mother começou a ter o seu valor reconhecido por aquilo que mais interessa: as audiências. Então toca a fazer render o peixe. Já ouvi falar em 8 temporadas, por isso é natural que não venhamos a conhecer a Mãe tão cedo.

 

E tão pouco se falou nela neste quarto ano. Em vez disso, tivemos muitas enrolações com a história da Stella que, como não podia deixar de ser, teve de ser "diabolizada" para ninguém mais se preocupar com ela. As gravidezes das actrizes principais foram bem geridas, embora eu tenha sentido a falta de Lilly na recta final que deixou Marshall um pouco ao abandono (e repararam que o último episódio foi gravado meses antes do penúltimo? A Robin estava lisa como uma tábua...). Falando em Robin, um dos grandes pecados da temporada anterior foi corrigido e, neste ano, ela teve o merecido destaque, fosse pelo desemprego, ter ido morar com Ted e - principalmente - com a paixoneta de Barney. Paixoneta essa que, depois de meses a enrolar, que ver a sério. Será que a pragmática Robin consegue domar o furacão Stinson?

 

No entanto, convém referir algo que me incomoda há largos meses: How I Met Your Mother sofre, cada vez mais, do síndrome Shrek. Ou seja, as personagens secundárias são infinitamente mais interessantes que a principal. Nunca senti Ted tão aborrecido, mas isto talvez seja do seu arco narrativo que lhe estagnou a vida, tirou-lhe o emprego e a espera pela Mãe está cada vez mais penosa. A ver vamos se o novo emprego (como professor universitário) espicaça a sua vida, uma vez que já sabemos que vai ser lá que ele a vai conhecer. How I Met Your Mother é assim: pode ter uns episódios descartáveis (e tem), mas a sua proposta é infalível. E com uma personagem como Barney Stinson, dificilmente as coisas dão para o torto.

 

8 potes de banha

 

PS: este ano não houve bofetada, o que achei uma falha imperdoável.

 

publicado às 21:33

Triste pela descida do Boavista à 2ª Divisão. Nos anos negros do Benfica, acompanhei os jogos dos axadrezados e aprendi a admirar o clube. A equipa não era das melhores e o futebol praticado não era nenhum espanto, mas a garra posta em campo aliada ao facto de um clube "pequeno" afrontar os grandes do costume, fez meio país acompanhar o Boavista a sagrar-se campeão nacional e os seus brilharetes na Europa. Também gostava muito de ir ao Bessa ver jogos do Benfica, pese o preço proibitivo que cobravam pelos bilhetes. E agora nada disto voltará, pelo menos nos próximos tempos. Triste pelo clube, mas não pelas administrações que teve ao longo dos anos: foram elas que enterraram o Boavista. Nunca pensei que a possibilidade de um Sp. Espinho x Boavista me entristecesse tanto.

 

Por outro lado, fico contente com a descida do Belenenses, embora acredite que ainda se vão manter à custa dos problemas financeiros do Estrela (o que é da mais elementar justiça, atenção!). De vendidos àquele clube está o campeonato cheio, mas a coisa continua equilibrada: a Olhanense a União de Leiria subiram. E não esquecer a Académica, o Sp. Braga, e o Vitória de Setúbal. Tudo normal, portanto.

 

Na próxima Quarta-feira joga-se a final da Liga dos Campeões e, pelosegundo ano consecutivo, as duas melhores equipas da Europa disputam o caneco. Confesso que simpatizo muito mais pelo Manchester United do que pelo Barcelona (Real Madrid forever!), mas por uma questão de honra pessoal, estarei a torcer pelos catalães. Ando há meses a dizer que eles vão papar tudo e não podem descarrilar na última estação. Há anos que o Barça não jogava assim tão bem (para falar a verdade, há anos que uma equipa não praticava um futebol tão atraente). Nem quando foram campeões europeus em 2006 jogavam tanto assim. Guardiola deve ter uma poção mágica qualquer.

 

E agora, o assunto mais delicado: o Benfica. A época foi má. Foi roubado em muitos jogos. Não jogou uma beata noutros tantos. O Benfica é isto: um misto de culpa própria com intervenção de terceiros. Ambas não se justificam, mas acabam por se complementar. Gosto de Quique, da sua postura e do seu discurso. Como treinador já não gosto tanto e andei até à última a aguentar a corda. Neste aspecto, do apoio à equipa, nada a dizer: nenhuma equipa e treinador tiveram tanta margem de manobra por parte dos adeptos. Se ficar (o que duvido), poderá mostrar que aprendeu com os erros desta época, mas, ao mínimo deslize, terá a cabeça a prémio. Admito que fui dos que rejubilou com a saída de Fernando Santos, embora o timing não fosse o melhor. E isso acabou por custar a época inteira ao Benfica. Não quero ver isso repetido. Ficar atrás do FC Porto já é normal (não devia ser, mas é - pensem o que quiserem desta afirmação), mas ficar mais um ano atrás do Sporting é imperdoável. Não sou particularmente um fã de Jorge Jesus (acho que beneficia de uma boa imprensa), mas antes ele que Scolari.

 

Entre a Nossa Senhora do Caravaggio e o filho do Todo-Poderoso não há muita discussão. Ou estarei errado?

 

publicado às 19:46

Peixeirada em directo na TVI

por Antero, em 23.05.09

Ok, peixeirada nesse canal é o pão nosso de cada dia. Mas convenhamos que ver Manuela Moura Guedes a levar na boca (e ela já leva uma bem grande) é sempre prazeroso. Se bem que não me admirava nada que o espectáculo todo fosse combinado. Nunca fiando em Moniz e na sua esperteza saloia.

 

 

Já temos assunto para os próximos dias! A professora de Espinho que tanto ensina aos seus alunos sobre sexo, linguados, árvores e novos vocábulos como "amiguíssimos" agradece do fundo do coração.

 

publicado às 00:54

ALERTA DE SPOILER! Este post contém informações relevantes, pelo que é aconselhável que só leiam caso estejam a par da exibição norte-americana.

 

 

Desperate Housewives: Temporada 5

Uma decepção esta temporada de Donas de Casa Desesperadas. Decepção essa agravada pelo facto de esta ter sido (e começado) com grande potencial: cinco anos depois, a vida em Wisteria Lane contava com grandes mudanças. Susan e Mike separados, Gaby com duas filhas, Bree empresária e Lynette... bem, essa continuou na mesma (já lá vamos). A bitch Edie estava de volta e com ela o mistério da temporada. E que mistério! Acho que até os episódios de Scooby-Doo conseguiam ser mais tensos. Este foi um dos (muitos) erros: prolongar demasiado um mistério que toda a gente adivinhou facilmente, o que deu a impressão dos episódios arrastarem-se até à recta final. Tivemos bons momentos como a morte trágica de Edie - um desperdício tremendo da série - mas tivemos de aturar a absoluta falta de química entre Katherine e Mike (que se tornou ainda mais insuportável), Lynette às voltas com as intermináveis crises de Tom (e aqui se vê como Felicity Huffman é uma actriz fabulosa: ela fez milagres com o material sofrível que lhe deram), e o pirralho que faz de filho da Susan... minha nossa, é das piores crianças que já vi a actuarem na televisão. O míudo nem andar de forma natural consegue. Por outro lado, as filhas de Gaby eram um mimo, principalmente Juanita.

 

Falando em Gaby, se há alguém que merece ser destacado esta temporada é Eva Longoria. O ano foi todo dela: mais madura, mas sem deixar a futilidade de lado, Longoria domina a comédia de forma brilhante, embora falhe como actriz em alguns momentos dramáticos. Mesmo sem grandes arcos, Gaby conseguia ser um dos pontos mais altos de vários episódios. Orson também foi outro dos destaques. Na primeira metade, viamos um homem caído em desgraça, desempregado, sem perspectivas, humilhado por se sujeitar a trabalhar para a esposa. Depois, voltou a ser aquele Orson mentiroso, manipulador e ambíguo de outrora, capaz de pôr em xeque o jogo de aparências de Bree. Katherine, o grande trunfo do ano passado, foi um desperdício que só visto. Idem para Lynette e Tom. Que casal aborrecido que se tornaram. De bom só me lembro daquelas duas cenas do jantar: o primeira com a disputa do emprego que ofereciam, e a outra com os Solis e a confusão do chuveiro. Susan é pau de dois bicos: há quem não goste, mas eu gosto do estilo aluado da personagem. Só foi pena não ter tido grandes histórias. Bem que podiam ter prolongado a estadia da Julie e do namorado bem mais velho, mas preferiram investir num romancezito com o Jackson, mas sempre mantendo a tensão sexual entre ela e Mike, o que eu achei acertado, isto até chegarmos ao episódio final.

 

Pois bem, convém dizer que o final da temporada foi fraquíssimo: digno das novelas onde tudo se resolve num instante, o desenlace foi frouxo e nada empolgante (como eles passam de um mato na berma da estrada para um cemitério?!?). Eu esperava algo mais bombástico tendo em conta toda a enrolação do mistério. E aquele beijo a Mike e o mistério da noiva nos últimos segundos foi de doer o coração de tanta tosquice. Também não gostei do rumo dos Solis: uma familiar adolescente que vai fazer a vida negra a Gaby. Isto é o melhor que têm para oferecer? Lynette está grávida outra vez (de gémeos!) e eu não me senti muito empolgado com o facto: tudo bem que nunca acompanhamos nenhuma das gravidezes dela e, uma vez que sabemos que aquilo é um Inferno para ela, estou a mesmo o rumo previsível para a personagem (e aposto que vão fazer da situação uma gravidez de risco...). Das poucas coisas que gostei foi do envolvimento de Karl e Bree. Gosto muito da canalhice dele e a química entre ele e Susan era impagável, por isso mal posso esperar pela interacção entre ele e a perfeccionista Bree.

 

No final de tudo, fica uma temporada que começou muito bem, mas perdeu-se a meio do caminho. Eu sei que é difícil repetir todo aquele clima da primeira temporada, mas investir em histórias gastas não é solução. As donas de casa devem interagir sempre umas com as outras; os melhores momentos da série é quando elas entram em conflito devido aos interesses pessoais. Foi isso que faltou na segunda metade. E não me venham falar das crises de ciúmes de Katherine com Susan. Preferia a rivalidade dela com Bree por causa do trabalho. Uma personagem tão boa não pode ser desperdiçada desta forma. Muito menos ao lado do chato do Delfino.

 

6 potes de banha

 

publicado às 00:30

Pragas do mundo moderno #11

por Antero, em 20.05.09

 

INSÓNIA

 

publicado às 00:51

A polémica não anda aqui

por Antero, em 16.05.09

 

NOTA: não li ambas as obras de Dan Brown referenciadas neste post, portanto sempre que me referir a Anjos e Demónios e a O Código Da Vinci estarei a abordar os filmes e não as obras literárias.

 

Anjos e Demónios é uma melhoria em relação ao O Código Da Vinci: tem muito menos falatório, tem mais acção e consegue aproveitar melhor os locais onde a acção decorre (neste caso, Roma e o Vaticano) embora muitos exteriores tenham sido claramente desenvolvidos em CGI. Por outro lado, consegue cometer os mesmos erros, como a actuação burocrática de Tom Hanks, personagens rasas como um pires, reviravoltas previsíveis e uma tentativa falhada de criar um clima de urgência, apesar do filme saltar de cliffhanger em cliffhanger. Ainda assim, a má fama trazida com a longa-metragem anterior acaba por jogar a favor do novo filme: Anjos e Demónios é uma passatempo mais suportável que O Código Da Vinci, mesmo com a realização sem garra de Ron Howard e o argumento rocambulesco de David Koepp e do péssimo Akiva Goldsman.

 

Situado meses depois dos eventos de O Código Da Vinci (alteração feita por razões óbvias), esta nova película traz a recruta de emergência de Robert Langdon pelo Vaticano, com vista à solução do rapto de 4 importantes cardeais durante o conclave que se realiza para eleger o novo Papa. As suspeitas pairam sobre os Illuminati, uma organização à margem da Igreja Católica que se julgava extinta, que detém em sua posse um pedaço de antimatéria roubado do CERN e que pretendem destruir a cidade do Vaticano. Então lá parte Langdon, juntamente com Vittoria Vetra, no encalço de pistas que os levem a evitar a morte dos 4 cardeais, encontrar a antimatéria e evitar a destruição de parte de Roma. Acham pouco? Pois eles têm até à meia-noite e já só faltam poucas horas para atingir essa meta. A primeira metade do filme parece quase uma extensão da obra anterior: todas as personagens abrem a boca para fornecer um dado histórico ou algo que, convenientemente, sirva a narrativa. Desenvolvimento de personagens, zero. Não se preocupem se se sentirem confusos: eles até podiam dizer que parte do enigma resolve-se no Mosteiro dos Jerónimos, uma vez que nada disso interessa realmente. O que nós queremos é acção e intrigas.

 

Felizmente, acção é o que não falta a Anjos e Demónios. O mesmo já não pode ser dito de acção eficiente, daquela de prender o espectador na cadeira. Não sentimos as personagens realmente em perigo e, uma vez que tudo é prevísivel, é uma questão de tempo (e paciência) até que o filme atinja a nossa linha de raciocínio. Para isto contribui a realização convencional de Ron Howard que, verdade seja dita, pelo menos não torna este filme numa enrolação interminável como o anterior. Porém, de forma a dar a impressão que algo acontece e que a situação é urgente, Howard torna a mínima deslocação a pé ou de carro numa sequência recheada de cortes e tremideira, num recurso tão batido e irritante que só revela o academismo do realizador (aquele Oscar que ele ganhou foi um crime). Mais irritante ainda é a banda sonora de Hans Zimmer que usa e abusa dos coros religiosos, seguindo a velha instrução de que filmes com assuntos relacionados com a Igreja têm de ter partituras com coros religiosos. Nos créditos finais ainda pensei que iria ouvir Era ou Enya, mas não chegou a tanto.

 

Por outro lado, Anjos e Demónios é bem sucedido ao ilustrar a velha discussão entre Religião e Ciência, principalmente ao brincar com a percepção da administração do Vaticano em relação a Langdon devido aos eventos de O Código Da Vinci. Ainda assim, é notório o esforço do argumento em ser o menos polémico possível, tentando agradar a ambas as partes e levantar questões pertinentes sem grande alarido (e, após a exibição, fui informado do parentesco de duas personagens no livro e que é omitido no filme, o que só revela a sua cobardia). Ao propor discussões e não as desenvolvendo para além do que o politicamente correcto permite, o filme torna-se aborrecido e inócuo, apesar de se julgar muito inteligente e relevante. Tambem não ajudam certas soluções como aquelas câmaras de vigilância (um quase deus ex machina) e a cena do helicóptero, que podem resultar no livro mediante uma boa contextualização, mas que no filme são jogadas ao acaso.

 

Autêntico postal de Roma e dos hot spots do Vaticano, Anjos e Demónios é um entretenimento inconsequente, divertido por vezes, mas sem nunca empolgar o suficiente como o thriller que devia ser. A mesma equipa, os mesmos pecados (ainda que com pequenas atenuantes).

 

Qualidade da banha: 8/20

 

publicado às 00:37

LOST: sem meio termo

por Antero, em 14.05.09

ALERTA DE SPOILER! Este post contém informações relevantes, pelo que é aconselhável que só leiam caso estejam a par da exibição norte-americana.

 

 

LOST 5x16 e 5x17: The Incident

Se calhar, esta não é a melhor altura para escrever sobre o final da quinta temporada. Com tanta informação para processar até tenho medo de cair na asneira de dizer alguma barbaridade. Mas vamos lá aos pontos mais importantes: foi, sem dúvida, o mais fraco final de temporada de toda a série. A principal questão da temporada - se eles conseguem ou não alterar o tempo - ficou como o grande gancho para 2010 e, neste aspecto, foi um final decepcionante, uma vez que o episódio revelou mestria na construção da tensão que levaria ao tal "incidente". Também ficam más impressões sobre a mudança de comportamento das personagens em tempo recorde, das quais Kate e Juliet são o maior exemplo. Foi óptimo sabermos mais sobre Jacob e como ele sempre vigiou os losties, criando a famosa "lista". Repararam como ele toca em todas as personagens? E se acham que o encontro com Jack seria dispensável (e, de certa forma, foi, tal como o da Kate), é só lembrar que aquela técnica dos 5 segundos foi usada precisamente no episódio piloto quando Kate "costura" Jack.

 

Fornecendo poucas respostas (sabemos o que aconteceu com Rose e Bernard e como Hurley decidiu regressar à Ilha) e um monte de perguntas novas (o que me leva a suspeitar que já são questões a mais para uma última temporada), este The Incident revelou todo o cuidado com que esta quinta temporada foi construída, onde pequenas pistas foram lançadas (o modo como Locke agia nos últimos episódios) para uma revelação surpreendente: John Locke morreu realmente e alguém assumiu o seu corpo. Eu aposto que seja o colega de Jacob, visto no surpreendente início do episódio, situado no século XIX com a chegada do Black Rock (e ponho as minhas mãos no fogo em como Richard Alpert vinha lá dentro). Além disso, a conversa inicial entre estas duas personagens foi de levantar muitas dúvidas: dá a impressão que tudo isto aconteceu inúmeras vezes (um loop temporal) e quando o outro diz para Jacob que há-de encontrar uma falha no sistema, percebemos que esta poderá ser a tal guerra que Widmore se referia. Também ficamos a saber que Ben nunca viu Jacob e foi toda a sua frustração que permitiu a morte planeada deste. E quem estava aprisionado na cabana era o falso Locke e nunca Jacob, que sempre esteve debaixo da estátua (o que foi aquilo que Richard respondeu?). E se tudo isto revela muita coragem dos produtores de LOST, por outro lado não consigo disfarçar um certo amargo de boca com o episódio em si.

 

Outro ponto positivo foi a óptima divergência de opiniões entre Sawyer e Jack que me fez lembrar da discussão semelhante entre este e Ben no final do 3º ano, o que só favorece toda a evolução da personagem do doutor e o seu salto de fé (e na discussão torciam por quem? Eu, surpreendentemente, vi-me do lado de Jack!). Tocante também a "despedida" de Sawyer e Juliet, na melhor parte do episódio quando a tensão atinge um nível insuportável. Pena que a partir daí venha um final capaz de dividir opiniões (aposto que muita gente não gostou nem um pouco), não tão chocante quanto comparado com outros anteriores, e que deixa tudo em aberto para a 6ª temporada. Seria a bomba o tal incidente? O que aconteceu, aconteceu? Em que é que a morte de Jacob influencia o decorrer das coisas? Será Jacob e o falso Locke semi-deuses a brincar com a condição humana (novamente, a conversa inicial e o livre arbítrio)? Será que Juliet morreu? O falso Locke teria reencarnado no pai de Jack nas temporadas anteriores (o caixão dele ia no voo 815)? Se todos os acontecimentos já ocorreram 'n' vezes, quando tudo começou? E como vai acabar?

 

As respostas (ou mais perguntas) daqui a 8 meses...

 

8 potes de banha

 

publicado às 12:52

House: uma temporada irregular

por Antero, em 13.05.09

ALERTA DE SPOILER! Este post contém informações relevantes, pelo que é aconselhável que só leiam caso estejam a par da exibição norte-americana.

 

 

Nesta quinta temporada House começou a dar sinais gritantes de desgaste: se antes o grupo de recrutas trouxe novo folêgo à série como se de um reality show se tratasse, o certo é que, uma vez estabelecido, o novo grupo composto por Kutner, Thirteen e Taub nunca conseguiu recuperar a maravilhosa dinâmica do grupo anterior. Interpretado por actores pouco carismáticos (com destaque para a insossa Olivia Wilde) e composto por personagens de relevância mínima que nos levasse a preocupar ou simpatizar com eles, o novo grupo acaba por ser o grande calcanhar de Aquiles desta temporada, ainda mais se tivermos o antigo grupo a fazer uma quase figuração de luxo (excepto Foreman que, mal por mal, envolveu-se numa palhaçada romântica com a Thirteen). É incrível como o pouco tempo de antena disponibilizado ao noivado de Cameron e Chase consegue render melhores momentos que todo o arco entre Foreman e a doença da Thirteen.

 

Mas não é só. Os casos médicos também parecem ter perdido o interesse de outrora ao fixarem-se demasiado na fórmula estabelecida pela série. Se por um lado devemos louvar aquele episódio em que metade é visto pelo prisma do paciente, por outro devemos condenar soluções para espicaçar a narrativa como aquele episódio do sequestro (que, como não podia deixar de ser, desaba por inteiro ao desviar o foco para Thirteen e o seu "medo da morte"). Tivemos bons momentos como a cruzada de Cuddy para adoptar uma criança, mas não podemos esquecer aqueles episódios do detective (lembram-se?) que, de tão inútil, foi largado a meio e não deixou saudades. Fizeram tanto alarde com a amizade arruinada entre House e Wilson pela morte de Amber, mas tudo se resolveu em pouco tempo e sem grandes consequências. É isto que me leva a desconfiar do gancho deixado por esta temporada: o facto de House se mentalizar que passou os limites quanto à sua doença e querer se curar com tratamentos de choque não me leva a suspeitar (ou ansiar) que tudo vá mudar realmente. House já foi "curado", já esteve inadvertidamente envolvido na morte de uma pessoa querida a Wilson e já ficou sem os "ex-alunos". Alguma coisa, no fundo, mudou?

 

O que ainda segura a série é a interpretação de Hugh Laurie, bem como a personagem de House em si. Com todos os seus defeitos, é fácil para o público simpatizar com ele e esperamos ansiosamente pela sua próxima tirada cheia de acidez e sarcasmo. A dinâmica com Wilson e, principalmente, com Cuddy continua impecável. Não fossem estes três e a série seria um desastre há muito cancelado. Apesar do salto qualitativo nos episódios finais, nomeadamente a partir do suicídio de Kutner (uma solução, quanto a mim, muito mal aproveitada) e da aparição de Amber, não dá para negar que a série já atingiu o seu pico artístico. House devia ser servido em doses homeopáticas, não em blocos de vinte e tal episódios por ano.

 

6 potes de banha

 

publicado às 23:32

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Alvará

Antero Eduardo Monteiro. 30 anos. Residente em Espinho, Aveiro, Portugal, Europa, Terra, Sistema Solar, Via Láctea. De momento está desempregado, mas já trabalhou como Técnico de Multimédia (seja lá o que isso for...) fazendo uso do grau de licenciado em Novas Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro. Gosta de cinema, séries, comics, dormir, de chatear os outros e de ser pouco chateado. O presente estaminé serve para falar de tudo e de mais alguma coisa. Insultos positivos são bem-vindos. E, desde já, obrigado pela visita e volte sempre!

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