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Uma bela surpresa

por Antero, em 30.07.08

 

Desconhecida por muitos, Mad Men só ganhou notoriedade ao arrebatar os Globos de Ouro para Melhor Série (Drama) e para Melhor Actor em Janeiro deste ano. Produzida por um canal a cabo dos EUA até então especializado na exibição de filmes clássicos, a série é merecedora de todo o buzz que se gerou. O termo "mad men" refere-se aos publicitários e criativos de Nova Iorque nos anos 50 e 60 do século passado e é o dia a dia de uma firma de "homens loucos" que acompanhamos: a Sterling Cooper. A personagem principal é Don Draper (Jon Hamm, sublime), director criativo que a nível profissional tem tudo, mas no seu âmago é uma pessoa triste, incompleta, cheia de crises pessoais (o seu passado é misterioso). É a partir da sua relação com a família, os colegas de trabalho, os superiores, as amantes e a sua nova secretária, Peggy, que a narrativa se desenvolve.

 

Os escritórios da Sterling Cooper acabam por ser um microcosmo da sociedade norte-americana em 1960: num tempo de sexismo, discriminação, politicamente correcto, em que beber e fumar era quase socialmente incentivado (as personagens estão constantemente de cigarro na boa), em que assédio sexual não era encarado como tal, a firma é como um tubo de ensaio das mudanças radicais que se começavam a operar na sociedade, como os movimentos feministas, o fim de segregação social, o advento do divórcio e o crescente distanciamento entre as duas facções políticas mais representativas dos EUA, os democratas e os republicanos (há um episódio dedicado às eleições presidenciais de 1960, que opuseram John Kennedy e Richard Nixon).

 

Mas se a série se chama Mad Men, são as mulheres que acabam por ganhar bastante destaque. Num mercado de trabalho dominado por homens que as encaram como inferiores, elas têm de batalhar muito pelo seu lugar, quer seja através da sua inocência e doçura (Peggy) ou recorrendo à sua sexualidade (Joan). Se a um nível laboral, as coisas estão longe de ser fáceis, também não é no lar que as mulheres encontram a sua paz, algo ressaltado pela mulher de Don, Betty Draper: modelo da dona de casa dos anos 50 que larga a carreira em prol da família, ela recrimina-se pelo afastamento de Don em relação à família e de não poder exprimir os seus desejos e receios numa sociedade que a obriga a ser feliz, mas que acaba por sufocá-la. Por outro lado, sempre que os homens (principalmente Don) se vêm no meio de uma crise, é ao sexo oposto que recorrem para se sentirem mais livres e completos.

 

Se há defeito em Mad Men é o facto de a história avançar muito lentamente e de remeter-se muito à cultura popular norte-americana, o que pode (e vai) alienar muitos espectadores. Porém, a prestação do magnífico elenco e a minuciosa direcção de arte que nos transporta para os anos 50/60 valem uma visita. É, desde já, a grande favorita aos Emmys deste ano. A segunda temporada estreou esta semana.

 

publicado às 19:22

?

por Antero, em 28.07.08

Fosse a minha vida uma tira de banda desenhada, este seria o conteúdo do meu balão de pensamento neste preciso momento. Tudo porque acabei de deitar os ouvidos (hoje em dia, ninguém deita as mãos num álbum) no projecto mais recente de Manel Cruz, antigo vocalista dos Ornatos Violeta e actual integrante dos Pluto, Foge Foge Bandido. Composto por 81 faixas (algumas delas com segundos) e com mais de duas horas de duração, o disco acaba por ser uma experiência... bizarra.

 

Os meus conhecimentos musicais são assim um pouco para o limitado, mas dá para perceber que Manel Cruz quis fazer uma coisa experimental, capturando sons do quotidiano e adaptando-as a contexto musical. Há uma faixa intitulada Casal Boss que... basicamente, é o som de uma motorizada Casal Boss a passar. Outra chama-se Onan, O Rapaz do Presente. Outra, Esta Merda Começa a Ter Piada. Noutra, a letra passa por "... eu não te traí, foi masturbação a três dimensões". Delirante e totalmente sem sentido. Muita gente há-de pensar "mas que m...?!?". O que não quer dizer que seja bom. Mas também não é obrigatoriamente mau. Objecto de culto garantido.

 

publicado às 17:47

De sexta para sábado tive uma noite estranha. Às quatro da matina, ia eu para me deitar quando, CRACK!, parti duas tábuas da cama. Ao tentar remendar a coisa, as restantes tábuas cederam e ficou apenas a estrutura base. Decidi então dormir no sofá que tenho no meu quarto. Para mal dos meus pecados, o tamanho minúsculo do mesmo, associado ao calor que sentia no meio do edredão, não deu nem para dormir 5 minutos. Resolvi esperar até às seis e meia da manhã para poder ir dormir para a cama dos meus pais (é a essa hora que eles saem de casa para o trabalho).

 

Hora e meia depois, a minha mãe lá acordou e veio ver o caos que reinava no meu quarto. Lá conseguimos ajeitar a peça de mobiliário e, ao repor o colchão, descobri uma coisa fascinante: os colchões têm dois lados, um para o Verão e outro para o Inverno. Já estiveram na situação de descobrir algo que toda a gente já sabe há séculos e vocês nem se sentem deste planeta? Foi assim que me senti. Como já era tarde/cedo, fui mesmo dormir para a cama dos meus pais e deixei a roupa da minha cama por mudar (tarefa que, neste exacto momento, ainda não foi realizada). Adiante. Na Fox Life acabei por assistir à meia-final de Beauty and The Geek, versão original daquele reality-show da Televisão Incompetente, A Bela e o Mestre. E não é que dei umas valentes gargalhadas? As provas dos casais no rancho, o vídeo do antes e depois dos totós, o namoro (será?) de um geek por uma loira não-tão-burra-quanto-isso, mas de equipas adversárias. Puro Romeu e Julieta. Até gostava de ver a final, que parece guardar supresas. Mas não estou disposto a partir outra tábua e ficar acordado até às 07h30 no próximo sábado. Nada que a Wikipedia e o YouTube não resolvam.

 

Esperem lá! Beauty and the Geek? Meu Deus, estou completamente a vegetar...

 

publicado às 02:58

De queixo caído

por Antero, em 25.07.08

 

Apesar de uma ou outra escorregadela, Batman: O Início é um óptimo filme de super-heróis, servindo para fazer tábua rasa sobre as atrocidades cometidas por Schumacher e companhia, principalmente em Batman & Robin, uma das maiores porcarias que Hollywood já teve o prazer de vomitar (considero os dois Batman de Tim Burton apenas razoáveis). Voltando tudo à estaca zero, o filme estabeleceu um universo mais palpável, coeso, permeado de personagens com motivações reais e complexas por natureza e fazendo de Gotham City uma metrópole assolada pela violência e pela corrupção. Em O Cavaleiro das Trevas há a vantagem de o universo já estar delineado, pelo que Christopher Nolan e o seu irmão Jonathan criam um argumento que, apesar de demorar para arrancar de vez, é tão intenso e complexo que aprofunda ainda mais as personagens já conhecidas, bem como faz importantes adições à história. No filme, o que menos interessa são as cenas de acção (que são boas), mas sim o duelo travado entre Bruce Wayne/Batman, Joker e Harvey Dent e as consequências para aqueles que são arrastados no processo.

 

Situado alguns meses dos eventos do filme anterior, O Cavaleiro das Trevas traz Gotham City mais controlada graças aos esforços de Batman no combate ao crime e aos esforços de Harvey Dent, um promotor público que encabeça uma equipa que tem aprisionado muitos membros da máfia que antes controlava a cidade. Rachel Dawes (aqui interpretada por Maggie Gyllenhaal, muito melhor que Katie Holmes) faz parte da equipa de Dent e encara-o, assim como toda a população, como a última esperança para pôr um termo na violência de Gotham. Por outro lado, a máfia, vendo-se cada vez mais enfraquecida, trata de arranjar o apoio de Joker para eliminar Batman e Dent. Como foi abordado de relance no filme anterior, a existência de alguém absurdo (ou aberração) como Joker é justificada pela figura absurda de Batman, como se um super-herói obrigasse a existência de um vilão do mesmo calibre (aliás, isto é regra na mitologia dos comics).

 

Temos assim um triângulo de personagens, cujas motivações começam a entrar em conflito: Bruce Wayne deseja terminar a sua encruzilhada contra o crime e vê Dent como o seu sucessor, o símbolo que Gotham deve seguir; Dent age como um cavaleiro da luz, aquele que não tem medo de mostrar a cara para acabar com o mal que grassa na metrópole; e Joker num vértice oposto, uma contradição da essência dos dois: ele é pura anarquia. Christian Bale está excelente como Bruce Wayne: cada vez mais afundado numa luta da qual não consegue sair, ele vê como os seus actos podem ter consequências nefastas e acabamos por notar, aqui e ali, um certo descontrolo da sua parte; Aaron Eckhart surge confiante e empenhado na sua luta até que, com o desenrolar dos acontecimentos, vê os seus ideais esfumarem-se; Gary Oldman confere grande intensidade ao Tenente Gordon, surgindo como a facção incorruptível de Gotham; Michael Caine, mesmo aparecendo pouco, continua a ser o elo de ligação de Bruce com o mundo real no papel do mordomo Alfred; e Morgan Freeman, como o aliado de Bruce, Lucius Fox, tem o seu ponto alto ao questionar uma determinada acção deste, mesmo que esta tenha fins louváveis.

 

É então que chegamos à interpretação mais impressionante de todas: Heath Ledger É o Joker. Contrapondo à caricatura de Jack Nicholson em Batman – O Filme (que, mesmo assim, roubava todas as atenções), o Joker deste filme é tremendamente insano, imprevisível e amedrontador. Não se interessando por dinheiro ou poder, tudo o que ele quer é provocar o caos e levar as suas vítimas a uma tortura psicológica antes de qualquer coisa, algo que culmina na última meia-hora, capaz de rebentar com os nervos do espectador. Assumindo uma postura de um louco saído do manicómio, com a sua risada estridente e atitude irrequieta, Heath Ledger tem uma interpretação hipnotizante: tudo o que ele fala, todas as suas nuances, tudo pensado ao pormenor. Uma nomeação póstuma ao Óscar não é descabida. Se Johnny Depp conseguiu num filme de puro entretenimento como Piratas das Caraíbas: A Maldição do Pérola Negra, não vejo como o mesmo não possa ocorrer aqui.

 

O tema mais recorrente da filmografia de Christopher Nolan continua presente em O Cavaleiro das Trevas: as obsessões que regem os actos de cada um e as consequências tanto para nós como para aqueles que nos rodeiam. E se o filme demora a arrancar é porque Nolan se delicia em posicionar cada uma das personagens em rota de colisão uns com os outros, dando espaço para que cada uma delas se desenvolva. E se o filme já seria um óptimo entretenimento, é a meia-hora final que o leva para outro patamar, transcendendo a mera obra baseada em comics: com cenas em que a tensão atinge níveis estratosféricos, o filme carrega na densidade de Batman e, principalmente, de Dent de uma forma demolidora, quase trágica. Sem revelar muito, basta dizer que, ao chegar àquele ponto, não há volta possível para aquelas personagens, que abrem mão daquilo que lutam por um bem maior, desaguando num final melancólico e desesperador.

 

Exaustivo nas suas duas horas e meia de duração, O Cavaleiro das Trevas é uma obra superior, complexa e intensa, atingindo o Olimpo dos filmes baseados em comics, onde eu incluo Homem-Aranha 2 e Super-Homem: O Filme. A espera valeu toda a pena.

 

Qualidade da banha: 19/20


publicado às 03:19

Uma vénia para o eterno Menino de Ouro

por Antero, em 22.07.08

 

João Vieira Pinto acabou hoje a carreira de futebolista. Como benfiquista, só lhe posso agradecer por tudo, principalmente, por ter carregado às costas uma equipa de cepos, aquando os gloriosos tempos de Michel Preud'Homme, JVP e mais 9. Nunca esquecerei a mais perfeita exibição que vi na minha vida quando JVP decidiu estilhaçar toda a equipa do Sporting, naqueles memoráveis 3-6 em Alvalade, um dos primeiros jogos que assisti e, sem dúvida, um dos melhores (há imensos vídeos desse jogo por essa Internet fora). Mas houve mais: a final da Taça de 1996 (a tal do very-light), a eliminatória com o Bayer Leverkusen, o golo contra a Inglaterra no Euro 2000 e muitos mais jogos onde espalhou a sua magia pelos relvados.

 

O seu trauma com a experiência no Atlético de Madrid fez com que não voltasse ao estrangeiro, o que danificou a sua reputação a nível internacional. Enxotado do Benfica por Vale e Azevedo, a partir daí foi sempre a descer: Sporting, Braga, Boavista e aquele soco no Mundial 2002, que lhe manchou a carreira para sempre. De positivo, só mesmo ter fisgado a Marisa Cruz. Mesmo assim, sai de cena como um dos últimos grandes futebolistas da chamada Geração de Ouro. Apesar de ter ingressado no Sporting, o que caiu mal a bastante gente, todos os benfiquistas devem agradecer a quem tanto lhes deu. Por isso, obrigado por tudo João Vieira Pinto.

 

publicado às 20:59

Febre de domingo à tarde

por Antero, em 20.07.08

Domingo à tarde na minha cidade é sinónimo de circo. Ao contrário de grandes cidades como Aveiro (onde estudei e morei durante uns anos), Porto e Lisboa que ficam desertas e reina a calma, Espinho vê-se invadida por todo o tipo de gentalha que faz o que quer sem dar cavaco a ninguém. Nas alturas de calor e brisa agradável, a situação é elevada à décima potência. Como eu moro duas ruas acima da praia, a gentalha acaba, invariavelmente, por cá parar. Tomemos como exemplo isto: a minha rua é de duplo sentido mas, há uns anos, não o era. Nestes dias, ocorre quase como um regresso ao passado, uma vez que as pessoas, para ficar perto da praia (comodismo absoluto), estacionam à direita como se fazia antes. E empatam o trânsito. E as vizinhas vêm cá para fora reclamar. E os insultos sucedem-se. E as buzinas desatam a berrar. Filas de carros. Calor. Vizinhas. Insultos. Buzinas. Calor. Insultos. Buzinas. Engarrafamentos. O caos total.

 

Onde é que andam as forças policiais para deitar mão nisto? Para me passar uma multa por circular a 56 km/h não se fizeram muito rogados. O que falta a Espinho, e que existe em abundância noutras paragens, é um shopping center. Ao menos, a gentalha tinha um circo para se entreter e não me torravam a paciência. E parece que os espinhenses vão ter direito a um! Um Dolce Vita! Até pode ser um galinheiro como o de Ovar, desde que albergue estes tristes todos. Finalmente paz e sossego, pensava eu. Só que há um detalhe: parece que o shopping vai ser mesmo ao lado de minha casa. Porcaria de planeamento urbanístico.

 

publicado às 17:09

Está quase...

por Antero, em 17.07.08

 

Esta semana não há cinema para ninguém. Não sou eu que vou ver As Crónicas de Nárnia: O Príncipe Caspian, porque me fartei desses filmes. O último do género que vi no cinema foi A Bússola Dourada e algo incrivelmente raro ia acontecendo: por pouco, não adormeci. E convém estar de jejum para o acontecimento da próxima semana, certo? Quando o resto do mundo começa a ver o filme amanhã, Portugal tem de esperar mais uma semana. Raios! Já ando a ver se arranjo convites para a ante-estreia e conseguir assistir antes de toda a gente. As expectativas estão lá em cima e as críticas são unânimes em dizer que é um dos melhores filmes do ano e a melhor adaptação de sempre de um comic. Eu sei que depois do tombo que foi Homem-Aranha 3 não devia sentir-me assim, mas não consigo evitar esta ansiedade. Afinal, como diz o Joker: Why so serious?

 

publicado às 20:56

Manobras de diversão

por Antero, em 16.07.08

Bem, parece que o FC Porto vai mesmo à Liga dos Campeões. Porque são inocentes? Nada disso! Parece que as altas esferas do futebol europeu continuam com dúvidas sobre a validade dos castigos a aplicar (o quê? Outra vez?) e então volta tudo ao mesmo e espera-se uma decisão final final final (não é engano). As piruetas do senhor Gonçalves Pereira e companhia deram resultados: adiar ao máximo as decisões, confundir tudo e todos e está o erro remendado por agora. Perde o Benfica, que, assim disputa a Taça UEFA? Não! O Benfica fez o que lhe competia. Perde o país com as figuras tristes que aconteceram nas últimas semanas e o silêncio de outros face a essas figuras. Porque todas estas cambalhotas de "decisão sim, decisão não" terá pouco a ver com o Benfica, mas muito a ver com o FC Porto. Já agora, quem foram os clubes que votaram contra as alterações ao regulamento que previam penas mais duras para actos de corrupção? Pois, os do costume... e consta por aí que Carolina Salgado prepara novo livro, com supervisão de Marinho Neves. Se a ex-dama e actual praticante da actividade mais velha do Mundo age por interesses nada louváveis (embora isso não lhe tire a credibilidade toda), Marinho Neves está acima de qualquer suspeita. Não que eu queira relacionar os dois factos...

 

Mas o que me leva a escrever este post é a edição de hoje do jornal O Jogo. A capa é um mimo: "FC Porto nas Champions Ponto Final". Amigos, o ponto final já tem um sinal atribuído tipo... há séculos, não é necessário escrever mesmo tudinho. Ah! mas era "ponto final" porque a decisão é final? Assim, final final final? Não, porque a UEFA ainda pode voltar atrás (embora seja improvável). Mas a capa não é pior. Muita gente reclama das inenarráveis capas do Record, e longe de mim defendê-las, mas os artigos d' O Jogo também são qualquer coisa. Daqueles de saltar os olhos das órbitas. Ora atentem:

 

O romeno Sapunaru fez ontem de manhã o primeiro treino à vista dos jornalistas e o segundo para Jesualdo apreciar as suas qualidades. Desde logo o que chamou a atenção foi a compleição física do defesa-direito contratado ao Rapid, porque 187 centímetros não passam despercebidos a ninguém, ainda mais se o ponteiro da balança parar nos 81 quilogramas. Um defesa de respeito, portanto. Mais rápido do que encontrar os adjectivos para o catalogar foi perceber a alcunha pela qual os companheiros já o tratam. "Sapu", evidentemente, para evitar que as línguas fiquem enroladas e o lance se perca nessas milésimas de segundo.

 

Chamam-lhe silly season. Eu chamo-lhe imbecilidade. Quem foi o cretino que escreveu isto? E isto é recorrente no jornalismo português: informações enviesadas, notícias deturpadas, objectividade de conteúdo para o raio que o parta, endeusamento de figuras que nem têm provas dadas, imprecisões, medo de defender uma posição e branqueamento de situações escandalosas (nem vou pegar nos erros ortográficos). O que me leva à seguinte consideração, que já vem sendo feito há muito tempo e não se relaciona somente com o jornalismo desportivo: os media oferecem aquilo que o público quer ou somos nós que engolimos toda a porcaria que nos deitam no prato?

 

publicado às 15:33

Pragas do mundo moderno #3

por Antero, em 14.07.08

Alberto João Jardim, presidente do Governo Regional da Madeira.

 

publicado às 01:02

 

É incrível constatar como o universo aparentemente limitado de Nip/Tuck consegue arranjar histórias para 5 temporadas, sem perder o arrojo e se tornar uma sombra de si mesmo. A última temporada, que acabei de assistir ontem, é como uma caixinha de surpresas sempre pronta a surpreender o espectador. Quando se pensa que a série já abordou tudo o que havia para abordar, eis que somos surpreendidos com um novo caso bizarro, uma nova falha de carácter, uma nova ligação que mexe com o mundo daquelas personagens ou com um sentimento reprimido que altera todas as reacções. Não é a melhor temporada de todas (essa honra cabe à segunda), mas a mudança dos nossos cirurgiões plásticos favoritos de Miami para Los Angeles acaba por abrir novas possibilidades naquele que é um dos universos mais ricos que a Televisão (assim mesmo, com maiúscula) já teve oportunidade de nos apresentar.

 

Bastante criticado por abordar menos o lado humano que nas temporadas anteriores, o quinto ano surge mais introspectivo, com imensas farpas ao meio televisivo, ao culto das celebridades (ou não estivessem eles em L.A.) e ao preço da fama, algo que pode ser notado quando o assunto é a série dentro da série, Hearts 'N Scalpels, ou o reality show idealizado por Christian, Plastic Fantastic. Os casos que aparecem na clinica continuam a quebrar barreiras de bizarrice e Matt continua a passar por infortúnios (só visto o que lhe acontece no penúltimo episódio). Julia parece ser a única que mudou realmente, mas essa mudança irá abalar mais uma vez toda a realidade de Sean e Christian, abrindo feridas que pareciam estar mais do que saradas. Nip/Tuck é mesmo assim: aborda todas as neuroses, agruras e alterações das suas poucas personagens sem se tornar repetitivo. Tudo parece uma evolução natural dadas as circunstâncias. Os episódios desta temporada dão a sensação que o lado cómico e absurdo das vidas daquelas personagens tomou conta de vez de toda a narrativa, mas, como a série nos ensinou desde o início, isso é que o aparenta à superfície. Afirmar o contrário seria errado e extremamente redutor.

 

Devido à greve dos argumentistas que assolou a indústria durante meses, o final acaba por não ser o pretendido pelos produtores, mas consta que o cronograma foi respeitado (era suposto haver 22 episódios e acabou por ficar com 14). Ou seja, a conclusão dos arcos narrativos seria visto ainda este ano, mas teve de ficar para a próxima temporada. A espera vai ser tortuosa, mas acredito que valerá a pena. Sean McNamara e Christian Troy ainda têm muitas voltas para dar. E sem recorrer ao bisturi e ao botox.

 

publicado às 01:57

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Alvará

Antero Eduardo Monteiro. 30 anos. Residente em Espinho, Aveiro, Portugal, Europa, Terra, Sistema Solar, Via Láctea. De momento está desempregado, mas já trabalhou como Técnico de Multimédia (seja lá o que isso for...) fazendo uso do grau de licenciado em Novas Tecnologias da Comunicação pela Universidade de Aveiro. Gosta de cinema, séries, comics, dormir, de chatear os outros e de ser pouco chateado. O presente estaminé serve para falar de tudo e de mais alguma coisa. Insultos positivos são bem-vindos. E, desde já, obrigado pela visita e volte sempre!

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